#17 Entrevista com o vampiro (1994)

 


Sempre brinco que fui alfabetizada com a Revista Set, mas no fundo não é tão brincadeira assim. Desde criança eu folheava as páginas e ficava decorando os nomes de atrizes, diretores e etc. Entrevista com o vampiro foi lançado em 1994, quando eu tinha sete anos, e já tinha visto outros filmes do Brad Pitt e Tom Cruise, ídolos máximos dos anos 90. 

Revi o filme ontem para escrever esse texto e percebi que eu ainda lembrava de cada cena, cada diálogo. Sabe quando a gente revê um filme e parece a primeira vez? Não foi o caso aqui. Passei a juventude lendo livros de terror, principalmente de vampiros, vendo filmes e etc. Fui assistir A rainha dos condenados no cinema, pedi os livros da Anne Rice de presente, com 14 anos comecei a frequentar rolê gótico e assim cheguei à idade adulta, ainda amando cada uma dessas coisas, mas problematizando sempre que possível. 

Em 2018 eu reli o primeiro livro das Crônicas vampirescas (escrevi sobre ele no meu blog) e a ideia era fazer uma maratona Mundinho Anne Rice, mas a vida me atropelou. Com o lançamento da série neste ano, todo o meu amor voltou. Eu ando bem cansada dessa moda de tudo virar série, mas resolvi encarar essa e foi uma gratíssima surpresa (junto com What we do in the Shadows). Aliás, tudo estava convergindo para eu assistir a esse filme. No reality show dos vampiros, o Guillermo sempre fala como o Antonio Banderas de Armand sempre foi uma grande inspiração para ele. 


O enredo é bastante conhecido por nós, fãs de terror. Louis resolve contar a sua história para um jornalista. Ele volta ao momento em que sua nova vida começou. Lestat encontra Louis e o transforma num vampiro. Só que Louis é apegado demais à sua humanidade, se recusa a se alimentar de sangue humano e vive um relacionamento esquisito com Lestat. Claramente há uma tensão erótica entre eles, que foi muito bem explorada na série. Aqui fica só na superfície. 

Bem desgostoso com a vida, Louis acaba se alimentando de uma criança chamada Claudia e Lestat a transforma em vampira, para ser uma companhia para seu amado. No livro a coisa é bem mais problemática, há toda a nuance de pedofilia. No filme também é apenas superficial (na série nem existe, o que eu acho ótimo). Claudia e Lestat não se suportam, disputam o amor de Louis e assim começa o caos. 

Claudia planeja o assassinato de Lestat, para depois fugir para o Velho Mundo com Louis, em busca de outros de sua espécie. Lá encontram a companhia Teatro dos Vampiros, vampiros fingindo ser humanos fingindo ser vampiros no palco. O líder é Armand, com quem Louis logo estabelece um forte laço. 


Nessa revisão, apesar de amar tudo e saber os diálogos de cor, algumas coisas mudaram. Achei a atuação do Brad Pitt fraca. Eu odiava o Lestat quando era criança, agora sou a maior fã do mundo. Gosto dessa dualidade dele, desse caráter duvidoso e dessa ânsia dele pelas suas paixões. Novamente, na série isso é ainda melhor, mas o Tom Cruise não deixou a desejar. Já o Pitt como Louis é bem fraco. Kirsten Dunst como Claudia está perfeita. A da série é chata, a do filme não: ela é uma personagem interessante, acompanhamos o seu amadurecimento dentro de um corpo de criança. 

Quando a gente é jovem os filmes parecem todos perfeitos. Rever esse depois de adulta, mesmo percebendo milhares de coisas esquisitas, ele continua sendo um dos meus preferidos da vida. Ouso dizer que amo ainda mais a série, até por uma questão de diversidade, do romance entre Lestat e Louis, mas o Mundinho Anne Rice segue perfeito. 

Em 2020 eu revi A rainha dos condenados, achei um horror, mas mesmo assim escrevi um texto defendendo. Depois de reler o livro (e ver o filme mais uma vez), volto aqui para contar o que achei. 


Curiosidades: O diretor Neil Jordan também fez filmes como Traídos pelo Desejo (clássico dos anos 90) e o recente Obsessão (com Isabelle Ruppert e Chloë Grace Moretz). Ele também voltou aos vampiros em 2012 com Byzantium (que eu adorei na época e pretendo rever em breve). 

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