Uma das minhas coisas favoritas da vida são filmes de comédia de terror. É meu subgênero favorito. Neste blog eu me sinto livre para dizer que sei decoradas todas as falas de Todo Mundo em Pânico 3, que prefiro mil vezes assistir um Tucker and Dale vs Evil do que alguns filmes cabeçudos que saíram nos últimos anos — mesmo que, ainda assim, eu reconheça o valor desses filmes. A seriedade existe para que possamos falar de temas importantes, e acho isso louvável. Mas eu, na maior parte do meu tempo livre, quero mais é ver sangue escorrendo da televisão sem nenhum motivo aparente.
Ou mesmo um bom filme velho com algumas piadas bobas mas que me tiram um sorriso, como é o caso de O Gato e o Canário, de 1939, dirigido por Elliott Nugent.
Esta é a quarta adaptação de O Gato e o Canário que foi, originalmente, uma peça de teatro escrita por John Willard. A primeira foi dirigida por Paul Leni e data de 1927, feita ainda no cinema mudo. A segunda adaptação foi chamada de Meia Noite em Ponto, e data de 1930, a primeira adaptação com voz. A terceira foi o filme espanhol La Voluntad del muerto, também lançado em 1930. Nesse período, ao longo da década de 1930, muitos filmes que foram feitos no cinema mudo foram refeitos com som. Além disso, a peça de Willard era um sucesso.
Pois bem, no filme, uma excêntrica família é levada até uma mansão estranha, isolada e cheia de segredos de um tio que era estranho, isolado e cheio de segredos, e que faleceu há dez anos atrás, para conhecer as vontades de testamento do homem morto. Quando chegam lá, os seis convidados descobrem que somente Joyce (Paulette Goddard) é a herdeira do velho.
Mas há um detalhe. O testamento por si só também era bastante estranho e só comprova o que eu já disse sobre essa família: por causa de uma tremenda insanidade que corre nas veias desses parentes, um segundo testamento foi feito, caso Joyce morresse ou ficasse lelé por causa dessa corrente desse estranho mal que, supostamente, ataca a todos.
Aí é que a coisa fica boa: a empregada da casa, que passou esses dez anos morando sozinha no lugar, aparece de repente dizendo que os espíritos disseram a ela que alguém iria morrer naquela noite. Até aí tudo bem. Mas então um policial bate na porta e avisa que o maníaco homicida chamado “o Gato” escapou da prisão. Que ótimo momento para passar a noite em uma mansão isolada nos pântanos de Nova Orleans!
O destaque especial desse filme está, sem dúvida, em Paulette Goddard e Bob Hope. Ambos eram comediantes que ficariam muito reconhecidos nos anos seguintes, mas que ainda estavam com a carreira avançando a trancos e barrancos no período. Paulette, após ter contracenado com Chaplin em Tempos Modernos em 1936, se casou com ele, e ambos se divorciaram em 1940, sendo ela alvo de diversas críticas pelo relacionamento. Já Bob fez alguns filmes aqui e ali, mas nenhum chamou de verdade a atenção do público.
Mesmo assim, a química de Paulette e Bob Hope funcionou muito bem, e fez com que ambos acabassem fazendo outro filme de comédia de terror juntos, intitulado O Castelo Sinistro, de 1940 — que também recomendo, mas O Gato e o Canário acaba sendo mais divertido.
Infelizmente ainda não assisti as outras adaptações dessa peça, mas quero muito ver em algum momento. Se você gosta de comédia, com sustos, segredos, trapaças e toda a sorte de personagens malucos, essa aqui é uma boa pedida.
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