#5 Tomie (1998)

 


Junji Ito é um quadrinista japonês muito conhecido por suas histórias macabras, suas imagens horripilantes com muito body horror envolvido. Bastante influenciado por Lovecraft em mangás como Uzumaki, ele já tem seu espaço ganho entre os fãs de terror. Tomie é um de seus grandes sucessos.

Serializado entre 1987 até os anos 2000, o mangá tem muitos altos e baixos e algumas vezes não chega nem a ter continuidade no enredo. A premissa envolve Tomie, uma aluna que seduz diversos homens e, por sua sexualidade, é punida sendo esquartejada pela classe inteira (envolvendo seu professor) e tem suas partes espalhadas criando um pacto macabro entre a turma. Ela retorna na forma de uma succubus, fazendo com que diversos homens a idolatrem a ponto de se matarem para provarem seu amor a ela. O final é sempre o mesmo: seus amores por ela são tão intensos que os fazem matá-la, repetindo o ritual eternamente. Para cada parte de seu corpo, uma nova Tomie nasce e começa o novo ciclo.

Particularmente eu não vou com a cara do mangá. É misógino, a motivação de Tomie nunca é explorada e, como eu disse ali em cima, o sexo é punido com uma violência exageradíssima. Poderia ter feito a crítica, mas nunca foi feita. Mas a arte de Ito é inegavelmente grotesca e bela. O artista sabe bem como causar repulsa e maravilhamento.

Em 98 foi lançado o primeiro filme da franquia que, até agora, conta com 9 filmes. E nesse Halloween decidi ver se valeria a pena assistir... E valeu! O roteiro segue uma linha misteriosa sobre o que aconteceu com Tomie, deixando aberto à suposições sobre quem é essa figura e o que a personagem principal tem de envolvimento com ela.

Tsukiko sofre de amnésia com certo momento de seu passado e faz tratamento psicológico para entender o que aconteceu e o que seus pesadelos significam. No andar abaixo, um rapaz bem suspeito alimenta alguma coisa que se encontra dentro de um berçário. Certamente não é um bebê, pelo menos não humano. Enquanto isso, um detetive tenta descobrir mais sobre Tsukiko e seu passado misterioso que, de alguma forma, tem conexão com a Tomie. A mesma Tomie que ele investiga e consegue detalhar uma história que remonta desde o século XIX, no período de modernização do Japão.

O filme tem um clima bem típico dos filmes de horror que saíam na mesma época, como Ringu, o que pra mim é um ponto muito favorável a ele. Apesar de não abraçar por completo o grotesco de Junji Ito, ainda assim tem seus momentos nojentos. O final é bem interessante e, ainda bem, não se preocupa em explicar cada detalhe, cada "porque" da história. O mistério faz parte do mito da Tomie.


Soube recentemente que uma das continuações da franquia, Tomie: Beginning (2005) acaba servindo como prequel deste aqui e não sei se isso me anima pois dá tooodas as respostas em aberto. Prefiro como ele é.

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