#50 Gremlins (1984)


Texto escrito por Yasmine Evaristo

Para a Yasmine de seis anos de idade, Gremlins é um filme de Natal que se transforma em um terror com monstros malvados. Para a Yasmine de 38, ainda é isso, entretanto com a certeza de que Gremlins também pode ser a aventura aterrorizante sobre família, amor e comunidade, bem como A Felicidade Não Se Compra. 

Em um Natal comum, como todos os natais estadunidenses, cheio de neves e espírito de esperança e fraternidade, Randall Peltzer (Hoyt Axton) quer dar um presente diferente e significante para seu filho, Billy (Zach Galligan). O homem se depara com um garoto chinês que o conduz até a loja do avô. Assim sendo, o homem tem seu primeiro contato com a criatura mágica chamada de Mogwai. 



Entretanto, para se ter um Mogwai é preciso ter muita responsabilidade. Há regras a serem seguidas e - com toda certeza -, nem ele nem seu filho as seguirão, tornando assim a história do filme possível de existir. 

Para que um Mogwai seja criado com tranquilidade seu tutor precisa se atentar para o fato de que a criatura não deve ser exposta a luz, mortal para ele, não ter contato com água e não ser alimentado após a meia-noite. Pois bem, essas regras são repetidas inúmeras vezes no primeiro terço do filme de forma a demarcar que será por não seguir uma delas que as protagonistas serão submetidas a um Natal de horror, naquela pequena cidade. 



Gremlins traz em si uma série de características que são comuns aos filme dos anos oitenta como, por exemplo, referências a cultura pop por meio de pôsteres de filme e quadrinhos ou um Corey Feldman criança. Mas o que mais me chama atenção na produção de Joe Dante atualmente são os paralelos que consigo traçar em minha mente com a obra icônica e clássica de Frank Capra. 

Desde que percebi que a mãe, Lynn Peltzer ( Frances Lee McCain) assiste A Felicidade Não Se Compra (obrigada, Queops por essa observação) penso que a cidade de Billy é como a de George Bailey (James Stewart), um espaço aconchegante que vem sendo engolido por uma crise financeira e consequentemente imobiliária. Da mesma maneira que George, Billy está vivendo sua juventude, iniciando sua vida profissional e despertando sentimentos amorosos por uma colega de trabalho. No entanto, a vida de Billy muda quando ele ganha seu 'pet' de Natal, a de Bailey, quando seu banco está em vias de abrir falência. Ambos precisando entender sua importância para a comunidade e cada um à sua maneira em busca do mais puro Espírito Natalino. 



Pois bem, opto por pausar minha escrita neste ponto e convidar os leitores a pensarem no Natal por meio de uma metáfora sobre união. Una-se aos seus amigos, familiares, comunidade, àqueles que lhe fazem bem e lhe permitem sentir- se sentir melhor. Encham-se de amor, de afeto e apoio, coloquem o Guizmo na mochila, peguem suas luzes artificiais e bora sair por aí destruindo os Gremlins que insistem em avacalhar nosso Natal. Porém se lembrem também que às vezes, não seguir as regras podem trazer aventuras (talvez complexas, mas sempre aquelas que geram boas memórias e até mesmo continuações).

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