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Sou apaixonada por um bom mistério e sou apaixonada pelo Vincent Price. Então, esses dias eu estava lendo um dos meus blogs favoritos, o CrimeReads, e li uma matéria que falava sobre filmes com detetives que mereciam ser uma série, e não um filme solo. Um desses filmes era The Bat — ou, em seu título em português, Nas Garras do Morcego, que também ficou conhecido como A Mansão do Morcego — dirigido por Crane Wilbur.
A história é uma beleza: Cornelia van Gorder (Agnes Moorehead), uma escritora de livros de mistério, aluga um casarão para descansar e pensar em seu próximo livro. Acompanhada por sua assistente Lizzie (Lenita Lane), ambas vão até o local, mas logo descobrem que a cidade está sendo aterrorizada por um assassino de mulheres conhecido como “O Morcego”.
Enquanto isso, outro problema: o dono da casa que Cornelia alugou, o banqueiro John Fleming (Harvey Stephens), viajou para caçar com o seu amigo e médico, Dr. Malcolm Wells (Vincent Price), e confessa a ele que roubou um milhão em títulos de seguro do banco onde trabalha. A intenção de John era de que Wells o ajudasse a fingir a própria morte mas, de olho no dinheiro todo, Wells assassina John, que havia, minutos antes, confessado onde estavam os títulos.
Sem que as pessoas da cidadezinha saibam do verdadeiro culpado, quem acaba levando a culpa é Victor Bailey (Mike Steele), um jovem que trabalha no banco, cuja esposa, Dale (Elaine Edwards), logo se torna amiga de Cornelia. Em uma visita entre amigos, com Wells e Dale presentes, Cornelia conta que suspeita do antigo banqueiro.
Esses três núcleos distintos logo acabam se unindo, de certa forma. Oaks, sendo a propriedade de John, é também o local onde os documentos estão escondidos. O Morcego também está de olho nestes títulos, e logo avança para o casarão para tentar roubá-los. Mas Cornelia é uma escritora de mistérios e é destemida, e não deixará que nada de pior aconteça em sua casa.
No texto em que descobri o filme o autor comentava como Cornelia se parecia como uma versão anterior da magnífica Jessica Fletcher, a detetive amadora e escritora de mistérios interpretada por Angela Lansbury em Assassinato por Escrito. Esse foi um dos pontos que mais me deixaram com vontade de assistir o filme, sendo um tipo de personagem que eu adoro: senhorinhas detetives amadores. Cornelia não é exatamente uma senhora, mas é uma mulher já adulta e muito elegante. É assim que eu quero gastar minha velhice, me metendo em confusão como detetive amadora e senhora bisbilhoteira.
Agora, algumas curiosidades muito interessantes sobre esse filme: ele foi baseado em um livro de 1908, intitulado The Circular Staircase, de Mary Roberts Rinehart, uma autora que é considerada a pioneira de alguns clássicos estilos de narrativas. The Circular Staircase, por exemplo, é considerado o primeiro livro dentro do estilo “had I but known”, ou “se eu soubesse”, que, como afirma a página do livro na wikipedia, normalmente utilizam narradoras e protagonistas mulheres que prenunciam certo tipo de perigo e desenvolvimentos da trama, refletindo sobre o que poderiam ter feito diferente. Além disso, dizem também que foi ela que surgiu com aquela coisa do “a culpa é do mordomo”.
O livro logo se tornou peça, em 1920, adaptada por Rinehart e Avery Hopwood, e que foi adaptada para o cinema pela primeira vez em 1926 como O Morcego. Os direitos de remake foram comprados de Mary Pickford, que produziu a primeira adaptação da peça. Em uma entrevista em 1987, Price revelou que havia assistido a peça quando jovem e havia ficado aterrorizado. Então, quando lhe ofereceram o papel, ele aceitou para deixar a audiência assustada também, mas ficou decepcionado com o resultado final, afirmando que não era um bom roteiro.
Apesar da opinião do grande Price, eu me diverti muito com o filme. Gostei muito de Cornelia e sua assistente e de todas as ocasiões da mansão Oaks.
O filme está disponível completo e legendado no youtube, para quem se interessar. É só clicar aqui.
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