Em 2017 tivemos uma grata surpresa vinda dos cinemas japoneses e que acabou virando febre daí em diante. O filme "Plano-Sequência dos Mortos", dirigido por Shin'ichirô Ueda, é belo não só pela forma como articula a câmera em um, como diz o título, plano sequência espetacular, como funciona como uma boneca russa: uma história dentro de uma história maior que se abre ainda uma terceira vez, de acordo com minha memória que pode ser meio falha, admito. Teve uma sequência em 2019 que já não trás o brilho que tem no primeiro, mas ainda assim é interessante de ser assistido. A fórmula meio que tinha se esgotado.
Já em 2022 aconteceu um remake que não é remake francês chamado "Coupez!" e eu explicarei o que isso significa. Na trama, um cineasta está filmando uma história de zumbis em uma espécie de prédio comercial abandonado. As coisas não vão bem e o próprio diretor já se encontra estressado com toda a situação. O que eles não esperavam é que naquele instante estava iniciando um verdadeiro apocalipse zumbi lá fora e agora eles precisam se salvar das criaturas mortais.
Se você não viu o filme original japonês, muito que
recomendo assisti-lo antes de continuar a ler,
darei spoilers que diminuem a graça um pouco de descobrir tudo sozinho no plot twist. Aviso dado, sigamos. Aqui, o roteiro segue a mesma trama onde vemos que o plano sequência é proposital pois existe uma equipe filmando a filmagem falsa do filme de zumbis e, assim, descobrimos um monte de coisa que estava dando errado nos bastidores. E como no original, bastante coisa estava dando errada. Atores substitutos de última hora, outros que se acham muito para um filme zumbi, só que dessa vez há uma produção muito maior investindo nesse produto.
Acontece que uma investidora japonesa vendeu os direitos autorais do filme original e ela exigiu determinadas condições para que o filme fosse feito. Além disso, o diretor do filme (que acaba atuando como o diretor do filme fake de zumbis) está passando por problemas em sua carreira e precisa muito de algo que lhe dê um retorno para a indústria. Sem falar que toda a produção não está sendo filmada, mas sim transmitida ao vivo para a Internet, o que aumentam muito mais os riscos de erros e também a necessidade de que dê tudo certo.
Nessa nova versão da história temos muito mais drama no filme (ah os franceses...!). Ao invés de apenas rirmos, nos divertirmos e admirarmos o plot twist, podemos nos conectar mais com os personagens através dessas passagens, o que não é demérito para o original japonês que continua muito maior dentro do meu coração ainda. Quando nos deparamos com um remake pode ser que venha a pergunta: mas vale a pena? Eu sou um deles, costumo achar um pouco cansativo se o remake fizer tudo ao pé da letra ou acabar sendo mal feito. Mas nesse aqui eu digo: vá com tudo! Como disse, é ao mesmo tempo um remake e uma versão. Eu diria que existem no mesmo universo devido a personagem investidora. Assista!
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