Eu acho que Suspiria foi o primeiro filme do Argento que vi. Desde então sigo encantada com o cinema dele, apesar de mil poréns. Acho que já vi esse longa no mínimo umas 15 vezes e não estou exagerando. Eu o revi nessa semana para escrever aqui e já confirmou o que eu achava: é meu filme preferido do gênero. Posso estar exagerando? Posso. Posso mudar de opinião amanhã? Posso, mas por enquanto é isso.
Para mim a coisa mais incrível do cinema de Argento é esse clima onírico. Já li diversas vezes que ele se inspirava nos próprios pesadelos para escrever seus filmes. Suspiria é o perfeito exemplo disso. A trilha sonora do Goblin dá todo um toque especial a esse mundo cheio de suspiros, vermelho e assassinatos.
Quando eu disse ter ressalvas com o Argento, é justamente essa coisa de tanta cena de mulher morrendo. Ele mesmo disse não ser misógino, apenas que considera as mulheres mais interessantes para o cinema. Ele escreveu Suspiria em parceria com sua então companhia, Daria Nicolodi, para qual ele deu diversas cenas de mortes violentas em seus filmes. O mesmo para Asia Argento, a filha do casal, que também passa por diversas cenas bizarras escritas por seu pai.
Este é um filme sobre mulheres. Suzy Bannion é uma jovem que parte dos Estados Unidos para uma conceituada academia de balé na Alemanha. Ao chegar ela encontra uma moça que sai correndo do prédio, um tanto quanto desesperada. Ela procura abrigo no apartamento de uma amiga, mas não encontra segurança. É assassinada de forma brutal.
O deslumbramento de Suzy com a academia logo dá lugar ao medo. Ela passa mal logo no primeiro dia lá e fica confinada à sua cama. Há algo de estranho na comida e no vinho que estão lhe servindo. Junto com uma amiga, ela precisa descobrir o que realmente está acontecendo com na escola fundada por Helena Markos há tantos anos.
Sempre se fala que os roteiros de Argento são confusos, que não fazem muito sentido e eu acho que isso pouca importa aqui. O filme prende a atenção por suas imagens hipnóticas, pelo uso do sangue, pelo jogo de luzes e sombras. O diretor se afasta dos tons de cinza comuns do terror e apela para cores vivas, símbolo do cinema italiano da época.
Há a história da misteriosa Helena Markos e seu envolvimento com o ocultismo. Temos as professoras e mulheres que trabalham na escola, as alunas vindas de diversos cantos do mundo. Os homens são meros coadjuvantes esquisitos. Dario e Daria fugiram dos clichês das histórias de bruxas para criar Suspiria.
Suspiria foi lançado em 1977, seguido de A Mansão do Inferno de 1980 e O Retorno da Maldição: A Mãe das Lágrimas de 2007 (esse aqui eu prefiro pensar que não existe). Essa é a chamada trilogia As Três Mães, que foi inspirada no livro Suspiria de Profundis, de Thomas de Quincey, especialmente o trecho intitulado "Levana e a Nossa Senhora das Lágrimas".
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