Dois anos após o lançamento do último filme da franquia, os roteiristas de Godzilla e seu diretor tomaram rumos bem diferentes do que haviam apresentado até então, inclusive retomando pela primeira vez a violência quase explícita do primeiro filme e fazendo diversas críticas às formas como o ser humano tenta (ou não) resolver seus desastres biológicos. A grande pergunta que fica no ar é porque nós não tomamos o caminho direto, bem na nossa frente e preferimos fazer tentativas inúteis de terminar com nossas ações que vão nos levar ao nosso fim? É com essa ideia que Os Monstros Invadem a Terra traz um tom de melancolia quase desesperançosa às telas.
Cenas de mares poluídos por lixo doméstico, industrial, peixes mortos. O céu cheio de fumaça dos automóveis, fábricas. A poluição exalando forte da telinha já indica que o próximo inimigo de Godzilla não é bem convencional. O Dr. Yano e seu filho Ken estão na praia fazendo estudos sobre a água local assim como sobre a descoberta de uma nova espécie de peixe um tanto estranha. É nítido que o mar ali não está pra peixe (tentei, gente!).
Quando eles retornam para casa e põem o peixe em um tanque com água límpida percebem uma reação bizarra acontecer. O bicho morre! Mais tarde, outras aparições do mesmo peixe vão surgindo e pouco a pouco eles se unem e se transformam num ser oleoso, parecido com petróleo, e se torna um ser imenso. Sua dieta? Enfiar a boca em tudo que é saída de gases de fábricas, o ar em si, os oceanos. Quanto mais impura a Terra estiver, maior e mais poderoso o monstro Hedorah será. O que acontece é que, novamente, Godzilla sai de seu descanso para ajudar a humanidade, mas dessa vez ele parece não estar de bom humor. Afinal, quem fez a cagada fomos nós. Enquanto o zilla é resultado da bomba atômica, Hedorah é resultado da nossa imprudência com nossa moradia.Já é de praxe o exército intervir de alguma maneira nos ataques aos kaijus, mas dessa vez pareceu um tanto embaraçosa... Dr. Yano acredita que uma bomba de oxigênio puro seria capaz de destruir Hedorah e se empenhou no projeto. O exército adorou a ideia e deu suporte. Resultado: a bomba fez zero efeito, o que até faz sentido visto que apesar do ar impuro, existe oxigênio nele! O segundo plano foi criar uma máquina imensa que precisava de bastante energia elétrica para que, assim que Hedorah pisasse em uma plataforma, fosse destruído. Quando o monstro estava prestes a chegar na máquina, ela foi destruída pela luta dos kaijus. Depois de minutos corridos, os engenheiros conseguiram consertar a máquina. Hedorah se posiciona onde deverá ser atingido pelos raios poderosos da ciência. O que não dá em naaada!
Ainda existe o momento em que a geração hippie decide que devem fazer algo, um protesto contra a poluição, chamar a atenção dos canais de TV. Mas para isso usam de carros para subir a um monte e depois queimam uma fogueira e começam a dançar em volta dela. Dois elementos poluentes que acabam por atrair Hedorah e aniquilar uma boa parcela dos que estavam ali. O roteirista e diretor certamente estavam ácidos quando tomaram essas decisões.Por fim e não menos importante, temos Godzilla voando! É realmente uma batalha épica e um filme experimental, se visto o formatinho padrão que a franquia passou a carreira inteira seguindo. Em sua época não foi um sucesso de bilheteria, mas foi o que melhor vendeu ingressos na década de 70. Hoje em dia se tornou um filme cult dentre os apreciadores do gênero.
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