1989 – Japão, Cor, 104 minutos
Direção e roteiro: Kazuki Omori
Elenco: Kunihiko Mitamura, Yoshiko Tanaka, Masanobu Takashima, Megumi Odaka, Koji TakahashiToru Minegishi, entre outros e outras
Se tem alguém que merece o título de Rei, esse alguém é Godzilla. O Kaiju-mor nascido das chamas nucleares, imenso, assustador e virtualmente indestrutível, não raro ele está em paz, fazendo absolutamente nada, quando é tirado do seu sossego por alguma ação humana e se envolve em suas consequências, destruindo tudo em seu caminho, Tóquio de preferência, mas, outros lugares já conheceram o desespero que ele traz consigo, assim também como a esperança, numa relação ambígua que durava décadas, deixando claro que Godzilla não é “do mal”, ele não sai das profundezas do oceano com planos de conquista ou vingança. Tal qual o “deus” que o início de seu nome evoca, ele não precisava dar explicações e como um deus, às vezes ajudou os bípedes de carne frágil que coabitavam o planeta com ele.
Se no filme de 1954 o tema central eram as consequências dos testes indiscriminados com armas atômicas na natureza, em Godzilla vs Biolante a engenharia genética usada para fins particulares quando grupos coletam pedaços de pele de Godzilla espalhadas por Tóquio (onde mais?) para experiências de clonagem é o mote, um mote, diga-se de passagem, relevante até hoje. Se a Era Showa (1954 – 1975) começou com tons sombrios para com o tempo se tornar uma deliciosa bagaceira, esse tom foi retomado na Era Heisei (1984 – 1995), causando espanto em que estava acostumado com o que vira até ali.
A Era Heisei começou por desconsiderar todos os filmes depois do original de Ishiro Honda, lançando em 1984 The Return of Godzilla, uma continuação direta do filme de 1954, para meia década depois lançar este aqui, farto em experiências secretas, espionagem industrial, explosões, mortes violentas e o eterno medo de Godzilla, pois o kaiju que lutou por nós não existe nesta realidade, apenas a lembrança do que ele fez e o que fez foi traumatizante. As experiências culminam no nascimento de Biolante, um dos mais belos monstros do cinema, uma mistura do DNA de plantas e do lagartão comandada pelo espírito da falecida filha do cientista que a criou. Isso mesmo. Parece louco e é mesmo (graças!), mas, uma vez passado o estranhamento inicial, nos deparamos com um dos melhores filmes da franquia, com efeitos especiais anos luz à frente do que tínhamos visto até aqui, sequências de ação de tirar o fôlego, além de trazer para nós o dilema que o uso da ciência para fins obscuros pode trazer para a humanidade. Jogue as armas fora e mergulhe, pois, até aqui, tudo bem como sempre. Confia.
Comentários
Postar um comentário