#107 Godzilla vs King Ghidorah (1991)


Godzilla Contra o Monstro do Mal (Godzilla vs King Ghidorah)

1991 – Cor, 103 minutos

Direção e roteiro: Kazumi Omori

Elenco: Anna Nakagawa, Megumi Odaka, Kosuke Toyahara, Katsuhiko Sasaki, Yoshio Tsuchiya, Kenpachiro Satsuma, Hurricane Ryu, Wataru Fukuda, entre outros e outras

Como explicado em textos anteriores, a Era Heisei de Nossa Majestade Godzilla veio após a Era Showa (1954 -1975) e desconsidera todos os filmes deste tempo, menos o original de 1954, sendo O Retorno de Godzilla (1984) uma continuação direta dele seguida por Godzilla vs Biolante (1989) e este Godzilla vs King Guidorah. Nesta era, igual no primeiro filme, o kaiju-mor volta a ser soturno e pouco afeito à humanidade, o que é compreensível, pois, se prestarmos atenção veremos que a criatura está sempre fazendo nada e sozinha com seus pensamentos, quando alguma ação humana a retira de seu torpor e ele, indignado, sai destruindo tudo à sua frente e sinceramente, eu acho que ele destrói pouco, porque olha, já são quase oito décadas de importunação e não tem paciência que aguente esse desplante. Ponto pra Gódinho (é assim que o chamo carinhosamente em casa).

Pois bem, dada a injusta bilheteria de Godzilla vs Biolante (1989), os produtores decidiram encomendar um roteiro mais simples e que agradasse mais ao público infanto-juvenil, uma pesquisa foi feita e descobriram que uma história com viagem no tempo cairia no gosto do público. O que fizeram, então? Sabendo que nós, o distinto público da franquia, é despido de vários preconceitos e só quer mesmo rosetar, em Godzilla vs King Ghidorah, viajantes do futuro, mais precisamente do século 23, voltam à Tóquio do início dos anos 1990 para evitar a destruição do país pelas mãos (patas?) de Godzilla, uma destruição onde apenas a capital sobreviveu ao ataque. Alarmados e solícitos, os nativos do tempo presente perguntam como podem ajudar a evitar essa tragédia e são apresentados a um dos planos mais aloprados da franquia: juntos, eles voltarão no tempo até 1944, quando Gódinho (acho super fofo chama-lo assim) era um mero e lendário dinossauro (!) na Ilha de Lagos e impedir que anos depois ele absorva a energia das bombas nucleares que o transformariam na besta fera que tanto amamos, garantindo assim o futuro do Japão. A viagem em si é tranquila, mas, em 1944 o planeta ainda vivia à sombra da Segunda Guerra Mundial e o exército japonês, um dos mais bem treinados, teimosos e brutais do conflito, estava em campanha na tal ilha e para piorar, cercado pela marinha americana (na versão dublada que assisti os americanos falam português com sotaque, juro) e o kaiju, ops, dinossauro, é pego no meio do fogo cruzado, quase vem à óbito e recebe uma honrosa homenagem do exército do imperador, que então foge para não ser dizimado ou aprisionado.

Impedido de receber a alta dose de radiação, Godzilla passa a não existir e é aí que a porca torce o rabo e nem me refiro à doideira que as viagens no tempo se tornam, o problema, porque sempre existe um, é que, a exemplo de A Guerra dos Monstros (1965), aqueles que parecem querer o nosso bem têm sua própria agenda e ela não traz boas notícias: os visitantes deixaram criaturas geneticamente alteradas na ilha, que acabaram por receber as maciças doses de radiação que seriam de Godzilla, se fundiram e viraram quem? Quem? Ele mesmo, o belíssimo King Ghidorah, que tem suas ações controladas pelos viajantes, que se aproveitam disso para tocar o terror. O que acontece depois? Muita, muita coisa. Traições, revelações, arrependimentos, pancadaria, prédios caindo, Godzilla caindo em cima de prédios e de pessoas, tudo muito redondinho e frenético de maneira a nos impedir sequer de apertar o botão de pause porque a coisa é seríssima, enquanto percebemos inúmeras críticas ao modo como cuidamos do meio ambiente e do perigo que a ciência pode se tornar quando usada com irresponsabilidade. Apesar do tom amargo típico dessa era, Godzilla vs Ghidorah é mais um grande filme de ação e ficção científica oriundo dessa franquia. Recomendo.



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