#117 Godzilla - Batalha Final (2004)


O último filme da Era Millennium também trouxe um hiato que praticamente se alastra até a publicação dessa resenha, pelo menos com a exceção de Shin Gojira (já resenhado aqui) e com os filmes americanos que começaram em 2014, quase demarcando o fim da carreira do Godzilla japonês. Tudo isso comemorando o aniversário de 50 anos do lançamento do primeiro filme, lá em 1954. Mas já existem boatos bem convincentes de que ano que vem (2024), no aniversário de 60 anos, haverá um grande retorno e com promessas de que trará uma nova fase dentro da franquia.
Dessa vez o estúdio Toho ficou impressionado com o diretor Ryûhei Kitamura e sua filmografia, iniciada pelo filme de ação "O Portal da Ressurreição" (2000) e "Azumi" (2003) que, além de tudo, fizeram bastante sucesso no estrangeiro. Ele ainda dirigiria, alguns anos depois, a adaptação de Clive Baker de "O Último Trem" (2008) que também alçou fama mundial. O diretor já vinha de uma carreira que pretendia fugir do circuito de cinema japonês, preferindo estudar faculdade de cinema na Austrália e, afirmando, receber mais influências de diretores que souberam lidar melhor com menores investimento de produção e mais retorno de público. Ele também recebeu forte influência de filmes de ação e acreditava que o Japão precisava retomar às suas mãos esse mercado que, no país natal, há muito era invadido pelos sucessos norte americanos.

Em "Godzilla - Batalha Final" vemos todas essas ideias se convergindo em uma épica demonstração da história da casa do primeiro kaiju. Monstros de todos os tipos começam a surgir ao redor do mundo ao mesmo tempo que seres humanos mutantes também nascem. Visitantes do Planeta X, os Xilians, oferecem ajuda aos seres humanos contra esses seres colossais. A FDH (Força de Defesa Humana) aceita a oferta, mas descobrem tarde demais que os kaijus na verdade eram enviados pela própria força alienígena que planejava dominar nosso planeta. Restam aos mutantes, junto com a FDH e o Godzilla (que se encontrava congelado na Antártica) restaurarem a paz na Terra e expulsarem os Xilians.


O filme na verdade é retorno inesperado de diversos monstros clássicos da Toho, como Mothra, Gigan, Hedorah, King Caesar, o Godzilla de 1998 lançado pela TriStar (veja bem!!!) e tantos outros que estão ao redor do globo (e aqui eu olho pra você "Godzilla II: O Rei dos Monstros") muito ocupados atacando cidades. A inclusão dos mutantes muito provavelmente tem a ver com o sucesso de Matrix e a paixão do diretor pois são justamente nessas cenas que vemos cenas interessantes de artes marciais. Um dos lutadores, inclusive, é interpretado por Don Frye, que na verdade não é ator, mas que o público japonês ama em sua fama dentro do universo do MMA. E ele manda bem!


Outra curiosidade que acrescenta ao filme é que o artista responsável pela sequência de títulos de abertura neste filme é Kyle Cooper, também responsável por "Se7en" (1995) e "Madrugada dos Mortos" (2004). Kitamura soube bem onde ir atrás para tentar agradar todos os mercados.

Infelizmente alguns anos depois a produtora pôs fim à grande piscina construída para filmes que se passavam em alto mar, tanto os de Godzilla quanto os outros dela, com a alegação de que agora eram novos tempos e que o CGI dominava. Efeitos práticos já começavam a adormecer há algum tempo, mas agora chegavam as últimas pedras.

O filme acabou indo mal nas bilheterias e esse foi o fim, pro agora, para o grande rei reptiliano.

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