All Monsters Attack
Direção: Ishiro Honda
1969, Japão, Cor 69 minutos
Roteiro: Shinichi Sekizawa
Vou começar trazendo verdades: conhecer a franquia Godzilla está me tornando uma pessoa mais feliz. O monstro gigantesco gerado através de testes nucleares, por mais que tenha se mostrado inclemente em outros tempos, como já foi dito aqui no blog, com o tempo foi se tornando uma criatura que não raro tomou partido da humanidade em momentos cruciais e o medo que a simples menção do seu nome causava deu lugar à admiração.
Vejam o pequeno Ichiro, por exemplo, um jovenzinho sagaz que sabe o nome de todos os kaijus existentes e é capaz de reconhecer os sons que cada um deles emite, um verdadeiro expert nos monstros que, aparentemente, foram assimilados àquela cultura. Ichiro geralmente está sozinho, mas não é exatamente um solitário, no caminho da escola tem a companhia da boa amiga Sachiko, que sempre pergunta porque ele se permite sofrer bullying de um quinteto de delinquentes um pouco mais velhos que eles, que o desafiam a fazer coisas que o seu bom coração não permite, porque sim, gente, Ichiro é do bem, mesmo que a vida dele não esteja assim, tão boa.
Não lhe falta teto, educação ou alimentação, mas seu pai e mãe, dedicados que são aos empregos, não têm muito tempo para ele, que procura refúgio na casa de seu vizinho, um inventor que sonha em construir o brinquedo perfeito e ganhar muito dinheiro com isso, e dedica ao garoto uma atenção que o pequeno não encontra mais em casa e entende as histórias de monstros contadas por ele como uma metáfora do abuso que sofre dos outros meninos na rua. Ele está certo, mas, não sabe de tudo, os amigos imaginários do menino são sim, os kaijus lendários residentes na Ilha dos Monstros, mas, neste universo dentro de sua cabeça a criança aos poucos cria forças para enfrentar a realidade que a cerca, em especial, o caso de dois ladrões procurados pela polícia que se esconderam no prédio abandonado onde costuma brincar.
É lindo ver Mynnia, filho do nosso amado Godzilla, tornar-se seu guia e parceiro na Ilha dos Monstros enquanto também tem que resolver seus próprios problemas. A saber: seu pai acha que ele já pode derrotar seus inimigos e também ser um kaiju lendário, mas ele, igual ao filhote humano, é inseguro e acha que jamais poderá vencer seus adversários e entre jornadas no mundo real e no imaginário (que por motivos de orçamento, mostra cenas de luta de filmes anteriores da franquia sem nenhuma cerimônia), o perigo vai se acercando do nosso pequeno herói, que não terá apenas que se tornar um vencedor, mas ajudar Mynnia também a se tornar um para que ele possa finalmente encher o pai de orgulho, que sim, aparece nesse filme fazendo as coisas que geralmente faz (descer o sarrafo em algum outro kaiju), mas Godzilla está longe de ser a verdadeira estrela deste filme, aqui o que importa é enfrentar o que nos aflige e tentar ser felizes com o que resultar disso e ninguém melhor do que crianças para nos ensinar essas coisas, seja ela humana ou kaiju.
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