#125 Alerta Noturno (1981)

Eu não me lembro de ter ouvido falar de Butcher, Baker, Nightmare Maker — título original do filme Alerta Noturno, que também recebeu o nome de Night Warning. Se ouvi, não prestei muita atenção na hora. Só soube dele de verdade quando li uma entrevista com o David Gordon Green e ele disse que tinha usado o filme como referência no Halloween Ends

Não é que eu tenha adorado Halloween Ends — eu gostei, sim, achei razoável — e quisesse conhecer mais sobre as referências do diretor etc, mas fiquei muito interessada pelo nome de Butcher, Baker, Nightmare Maker. É um nome sensacional. Eu até achei que o filme seria uma bomba, daqueles filmes série C que foram lançados nos anos 1980 na esteira dos sucessos do início dos slashers.

Mas eu estava enganadíssima.

Em Alerta Noturno (1981), filme dirigido por William Asher, acompanhamos o jovem Billy (Jimmy McNichol), um garoto que ficou órfão ainda muito pequeno e que é cuidado por sua tia, Cheryl (Susan Tyrrell). A primeira cena do filme, na verdade, nos mostra os pais de Billy saindo para uma viagem e o acidente de carro em que eles morreram, deixando para trás um pequeno Billy chorão e sua tia que, aparentemente, gosta muito do sobrinho.

Mas logo as coisas assumem uma atmosfera muito mais esquisita. Conforme seguimos os passos de Billy, notamos que sua tia tem um sentimento extremamente possessivo sobre o jovem. Tudo chega ao seu ápice, e percebemos que realmente há algo de muito errado, quando Billy está prestes a conseguir uma bolsa como atleta para a universidade. Ao contrário de uma família normal, que ficaria feliz pelo garoto, Cheryl não suporta a ideia de se ver longe de Billy.

Depois do anúncio da bolsa, a mulher resolve fingir que tentaram abusar dela para que seu sobrinho pensasse que ela não conseguiria viver sozinha. No processo, acaba assassinando o homem, o que acaba pondo o jovem em perigo, pois é ele quem é pego com a faca na mão. 

Quando o encarregado da polícia chega, o detetive Joe Carlson (Bo Svenson), aí é que tudo se complica de vez: ele tem certeza que o culpado foi Billy, e para piorar, não vai aceitar qualquer outra possibilidade.

Conforme o filme avança, nós acompanhamos a decadência de Cheryl, e descobrimos diversos de seus segredos, inclusive o porquê de querer manter Billy consigo. Se de início ela era uma mulher bem vestida e bem penteada, conforme conhecemos melhor sua história e conforme ela se torna mais obcecada em manter Billy junto a si, mais ela se transforma.

Uma coisa que me impressionou demais, e que achei que deu um detalhe a mais para o filme, que subiu muito no meu conceito, é uma subtrama em que o homem morto, na verdade, era gay, e o detetive passa a desconfiar que Billy também era, e que por isso ele assassinou o homem. A forma como a investigação é conduzida por causa desse detalhe e por causa dessa desconfiança é tenebrosa, e o personagem do detetive acaba sendo mais vilão do que realmente alguém disposto a ajudar. Isso torna toda a dinâmica entre suspeito x assassino real x polícia uma coisa bem interessante de assistir. 

Foi uma grata surpresa. Eu realmente gostei muito do filme todo. A atmosfera, as questões levantadas, gostei dos personagens, gostei do roteiro, gostei da filmagem, achei um bom filme. Então fica aí a dica para vocês. 

O cretino do detetive



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