“Vocês, criaturas da luz, como podem dizer com certeza que existe ou não a infinidade da noite? As legiões do mal não são meros caprichos de sua imaginação, só porque vocês com seus conceitos mesquinhos dizem que não podem existir. Uma história foi transmitida em sussurros de terror pelos séculos. Uma história de feiticeiros e bruxas, de lobisomens e vampiros de toda a descendência do inferno, reunidos pelos ventos da noite, para a comunhão blasfema do sabá das bruxas”
Esse é o inicio do filme Mortos que Andam com a cabeça do personagem Elwyn Clayton (George Zucco) em sobreposição a imagem de uma fogueira que queima um livro chamado “The Story of Vampires”. O responsável pela destruição é o irmão gêmeo de Elwyn, o médico Lloyd, também interpretado por Zucco. Corta para um funeral, inclusive de Elwyn, que é interrompido por uma mulher que alerta sobre o mal que paira a casa do morto e que ele não era o único. A personagem é aquela tida como a louca da vila que ninguém (ou quase ninguém) leva a sério, mas que depois se mostra como sendo a mais lúcida e se a tivessem levado a sério desde o início, bom...não teríamos filme. Como uma espécie de alívio coletivo, a única pessoa que chora e sente de verdade a morte de Elwyn, é seu criado e faz tudo Zolarr (Dwight Frye), que corre para acusar de assassinato o gêmeo do patrão.
Lloyd tem uma sobrinha, Gail (Mary Carlisle) que está noiva de David (Nedrick Young) e ele conta para ela sobre como o irmão voltou perturbado após uma viagem para a Índia, onde teve contato com forças ocultas, feiticeiros e voltou toda sua atenção e tempo para essas pesquisas, é então que enquanto fala isso, Lloyd, como quem quer se desfazer de todo o rastro do irmão, queima o restante de seus livros, papeis, estudos e pesquisas.
Como se tudo tivesse bem, perfeito e todo o mal tivesse sido exterminado, é quando surge ou ressurge, nosso ser que dá nome ao filme, afinal, isso é uma história de vampiros. Nada de tão diferente do já tinham feito ou do que já vimos até aqui, mas estamos falando de uma produção de 1943, que pega muito dos arquétipos vampirescos do Drácula de Bram Stoker. Só que no lugar de um vampiro vindo da Europa Oriental de capa, aqui tínhamos um vampiro elegante inglês, mas que igualmente aos outros, deixava sua marca nos pescoços das vítimas revelando para os incrédulos seu verdadeiro eu. Elwyn pede para seu criado esconder seu caixão enquanto ele arma sua vingança e aparece para o irmão confessando que seus poderes pós morte foi um presente do Lorde das Trevas chamado Shaitan, a figura demoníaca da mitologia islâmica, e promete tirar de forma lenta todas as forças de Gail.
Entre falas incrédulas, revelações, perseguições e finalmente a redenção pelo sacrifício, Mortos que Andam acontece de forma bem satisfatória. São 63 minutos de uma trama bem desenvolvida, atmosférica e tensa. George Zucco, que ficou conhecido por geralmente interpretar vilões ou médicos loucos ou membros da nobreza, faz aqui dois papeis e seu talento determina e muito bem os seus dois personagens de uma forma magistral, em muitos momentos fiquei até duvidando que seria o mesmo ator tamanha expressão facial e personalidades distintas ele conseguiu entregar. Ele também é conhecido por uma infinidade de papeis em alguns filmes do lado B da Universal como o Mummy’s Hand (1940), O Abutre Humano (1943), O Fantasma da Múmia (1944), entre outros. O filme tá em domínio em público, mas também tá disponível com legenda no Youtube.
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