2000 – Japão, cor, 106 minutos
Direção: Yoshiaki Kawajiri
Roteiro: Yoshiaki Kawajiri (baseado na série de livros “Vampire Hunter “D””, de Hideyuki Kikuchi)
Acho a mitologia tradicional dos vampiros e vampiras umas das coisas mais sem graça do horror, essa coisa de viver eternamente, ter a luz do sol como kriptonita e se alimentar exclusivamente de sangue mais me parece um castigo tedioso do que uma vantagem, porém, quando trabalhada além do mais do mesmo, essas mesmas condições abrem um bem-vindo leque de possibilidades. Vampire Hunter D: Bloodlust, por exemplo, se passa milhares de anos no futuro, o mundo como o conhecemos acabou, apesar de certas relações sociais ainda se assemelharem aos dias de hoje, no pior e no melhor. Nesta realidade, já há muito tempo a humanidade tem uma convivência conturbada com os vampiros, “Gado come grama, humanos comem gado e vampiros comem humanos”, explica de maneira cristalina um personagem a certa altura.
Apesar de ainda representarem um perigo real, os números deles estão diminuindo e eles não são os únicos seres diferentes no planeta, que também é habitado por outras criaturas extraordinárias que, a depender do valor acertado, transitam entre a luz e as trevas, já outras são únicas, como um dampiro, um híbrido de humano com vampiro que possui invejável força física, é exímio espadachim e em combates corpo-a-corpo, é resistente à luz solar, porém, pode morrer se exagerar na exposição e desde que não se meta em tretas além da sua capacidade, aparentemente pode viver para sempre. Além disso, divide seu corpo com uma criatura senciente que vive na palma da sua mão esquerda e complementa as suas habilidades, agindo muitas vezes como sua consciência, sendo a coisa mais próxima de um amigo que D, esse é o nome do dampiro, possui.
D é um caçador de vampiros, o melhor deles, uma lenda contratada para resolver um sequestro de Charlotte Elbourne, uma moça raptada pelo Barão Meier Link, um vampiro e seu pai, prevendo o destino nefasto que a espera, a quer de volta, viva ou morta. Para garantir o sucesso da empreitada, o irmão dela também contrata Os Irmãos Markos, um respeitado grupo de caçadores de vampiros que tem em sua posse uma arma inigualável e ao ver seus interesses conflitados, agem na manha do gato e decidem deixar D abrir os caminhos enquanto preparam seus planos. Bem coreografadas sequências de luta e perseguição aos poucos nos apresentam o que a Terra se tornou, sua nova geografia, ruínas milenares, adaptações de espécies para sobreviver, ao mesmo tempo em que cresce em D a suspeita de que algumas peças do tabuleiro não estão a se encaixar como deveriam. Esses caminhos acabam levando-o aos Barberoi, comunidade ancestral liderada por um Mestre dos Magos from hell onde, a exemplo de Midian cidade mítica do livro/filme Raça da Noite (escrito e dirigido por Clive Barker), todos os habitantes do lugar são únicos, possuem habilidades especiais e para imenso azar de D e dos Irmãos Markus, foram contratados pelo Barão para proteger seus planos e sua carga. D ainda tenta reverter a situação, mas, igual a todos e todas envolvidos no caso, os Barberoi se mostram irredutíveis, o que é um perigo quando todos ali tem capacidade de mútua destruição.
Continuação de Vampire Hunter D (1985), Bloodlust é superior ao primeiro filme em todos os aspectos, traço, história e desenvolvimento dos personagens, trabalha camadas sutis de relações interpessoais ao mesmo tempo em que entrega uma aventura de ação sangrenta de tirar o fôlego, atenção ao ato final no castelo, uma construção de arquitetura gótica com centenas de metros de altura e largura e infinitos corredores pintados de vermelho e escuridão que abriga em seu seio uma provável solução e certamente, um perigo maior do que os enfrentados até ali.
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