#141 Ghostwatch (1992)

Dentre os incontáveis filmes que eu tenho listados para assistir e que são um saco para achar, Ghostwatch despontava entre como o primeiro da lista. Era minha prioridade máxima conseguir assistir ele. Certo dia, por sorte — ou talvez o Ale, que escreve neste blog também, tenha me passado algum link (realmente não me lembro, o Ale já me salvou com links algumas vezes) — consegui assistir o filme. 

Essa ansiedade foi muito bem recompensada. Já não me lembro mais quem citou Ghostwatch, ou como eu fiquei sabendo desse filme, mas me lembro que muita gente falava muito bem dele, e algumas dessas pessoas são aquelas que considero muito as opiniões. Aí já viu, eu queria muito ver, e vi. E amei. Desde então Ghostwatch se tornou uma recomendação constante.

Na noite de Halloween de 1992, na BBC1, foi ao ar o programa chamado Ghostwatch. Era um documentário/reality, escrito por Stephen Volk e dirigido por Lesley Manning, e fazia parte da série antológica de drama do canal, Screen One. Apesar de ter sido feito há vários dias, ele foi exibido na TV britânica como um programa ao vivo. E foi exibido uma única vez no país.


 No programa falso, apresentado por Michael Parkinson, a ideia era provar a existências de fenômenos paranormais. Os repórteres são enviados até uma casa na rua fictícia de Foxhill Drive, para conversar com uma mãe e suas filhas, que estão sendo vítimas de espíritos poltergeists. Sarah Greene é a repórter que vai até a casa, na esperança de descobrir o que está havendo ali. No estúdio, o marido de Sarah, Mike Smith, atende os telefonemas de pessoas contando seus próprios casos de fantasmas. E na rua, o comediante Craig Charles entrevista os “moradores” do local.

Conforme Sarah vai passando a noite com a família e a equipe de reportagem, as coisas vão ficando mais esquisitas na casa. Coisas começam a acontecer, luzes e sombras e vultos começam a aparecer. E o “pessoal de casa” segue ligando para falar com o apresentador. Para completar o quadro, no estúdio, junto de Parkinson, está presente também uma mestre em paranormalidade, Dr. Lin Pascoe (Gillian Bevan).

As pessoas realmente acreditaram naquilo tudo. E era, de fato, um programa muito bem feito. A BBC recebeu milhares de ligações (em um programa gravado e que foi ao ar como ao vivo!!! eu penso nas telefonistas de plantão naquele dia).

A gente fala muito sobre A Bruxa de Blair e como o marketing do filme foi revolucionário. E foi mesmo, não tiro os créditos. Mas Ghostwatch veio anos antes, e apesar de ter tido seu sucesso um pouco reduzido, porque foi algo mais nichado e da BBC da Inglaterra, algo muito maluco aconteceu ali. Eu diria que, mais ou menos, Ghostwatch foi para a Inglaterra, o que aquela famosa reportagem do Chupacabra (ou aquela reportagem do cara fantasiado de vagalume, vocês vão lembrar) no Ratinho foi para nós aqui no Brasil. Ou seja: um delírio coletivo que marcou gerações.

Ghostwatch influenciou vários cineastas para contar suas próprias histórias de terror. Uma dessas histórias foi Host, que saiu aqui no Brasil como Cuidado Com Quem Chama, aquele famoso filme (de 57 minutos de pura agonia, uma dádiva) feito pelo zoom, na época da pandemia, dirigido por Rob Savage e escrito por ele, por Gemma Hurley e por Jed Shepherd. Shepherd afirmou algumas vezes que Ghostwatch foi uma baita inspiração para a equipe de criação de Host, e que esse seria um tipo de versão deles de Ghostwatch.

Eu gosto muito desses filmes que resolvem ser malucos. Ghostwatch foi um surto em 1992, ano em que eu não era nem nascida, mas assisti ele 20 anos depois e a potência dele continua intacta. Eu o assisti de tarde, na tela do computador, e consegui sentir vários arrepios. Imagina assistir isso na noite de Halloween, em uma emissora tradicional como a BBC? E tantos anos depois, Ghostwatch reverberou com o sucesso de Host. Acho isso muito impressionante. 

Recomendo a dobradinha, aliás. Se você for assistir Ghostwatch, que tem seus belos 91 minutos, já emenda e assista Host


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