#163 Helter Skelter (2012)

Mika Ninagawa começou sua carreira nos anos 90 como fotógrafa, participando de movimentos artísticos japoneses e ganhando reconhecimento por suas fotos bastante coloridas e brilhantes. Já em 2012, ela dirigiu seu segundo longa, Helter Skelter, baseado no mangá de mesmo nome e sua experiência prévia com essas cores pôde ser muito bem aplicado aqui.

Na trama de Helter Skelter, Lilico é uma super modelo bastante requisitada diariamente. Ela tem a imagem que toda mulher gostaria de ter, ninguém consegue ser mais linda e sexy. As jovens gastam tudo o que têm de dinheiro para comprar as revistas em que ela sai e acompanham todos os programas que ela aparece como convidada. Ela vive uma vida intensa.

Em paralelo, acontece uma investigação sobre uma clínica de estética que estaria usando procedimentos ilegais, comprando partes de corpos para fazer cirurgias plásticas e estaria conectada a diversas mortes, suicídios e desaparecimentos de pacientes. Lilico esconde do público, mas sua aparência não é nada natural e ela se utiliza dessa clínica e vende uma falsa imagem de "perfeição".

Sua queda ao desespero começa a acontecer quando percebe que os procedimentos estéticos estão ocasionando grandes manchas roxas em seu corpo e, no desespero, ela precisa de operações mais intrusivas. Ao mesmo tempo, uma nova e jovem modelo, Kozue, começa a tomar seu lugar de destaque, o que faz com que Lilico comece a usar as pessoas ao seu redor para garantir poder sobre alguém.

O filme aborda a indústria da moda e dos cosméticos de uma forma bem crua e sem receios de ferir a audiência. Kozue, em determinado momento, diz que toda modelo vomita após se alimentar para se manter magra ("pois não há outra forma") de maneira tão natural que parece destacar o óbvio. Imagens de pílulas, seringas dividindo espaço com neon, plumas e doces são muito recorrentes. Tudo ali é glamour, é intenso e quer passar a falsa impressão de vida no seu ápice.

O terror de Helter Skelter se encontra mais nos resultados do que a indústria causa aos que a vivem do que no que as consome. As jovens que compram as revistas conseguem facilmente aceitar novas modelos de maneira bem descartável, enquanto as que estão nas fotos fazem de tudo para serem aceitas. Uma aceitação breve, que se desfaz com um sopro.

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