#166 Santa Jaws (2018)


Uma das minhas filosofias de vida — talvez a que mais me tenha colocado em enormes problemas — é “se você está no inferno, abrace o capeta”. Eu acho que se tudo já foi para o escambau, não tem problema piorar um pouco as coisas. 

Então, quando surgiu o especial de diretoras, todos nós escolhemos nossos filmes. Veja bem, eu gostaria de dar ênfase na palavra escolhemos. Porque não foi um sorteio, como alguns podem questionar, não foi nada disso. Nós escolhemos. E eu escolhi Santa Jaws, sim, como vocês podem ter visto no título deste texto. Sim, um filme de tubarão, sim, natalino, sim, e com direito a chapéuzinho de Papai Noel, sim. Meus amigos escolheram filmaços, mas eu resolvi deixar a vida me levar.

Eu já passei da fase de me questionar o porquê de me prestar a este tipo de papel. Ao longo dos próximos especiais vocês verão que eu levo muito a sério essa minha filosofia de vida, e depois de ter assistido The Attic e resenhado aqui, eu estou abraçando o capeta.

Mas, nesse caso aqui, o capeta tem um abraço bem quentinho. O filme não é nem de longe tão ruim quanto eu imaginava. Se colocassem Mega Python vs. Gatoroid e Santa Jaws em um ringue pra brigar, eu apostaria minhas fichas no Santa Jaws.

A história é a seguinte: o filme começa com um Papai Noel que sequestra uma jovem. De repente, o herói aparece para salvá-la, derruba o Papai Noel na água, que é comido por um tubarão. O tubarão pega o chapéu do Papai Noel e o utiliza na barbatana. 

Quando o filme começou assim eu já fiquei “jesus cristinho”. Mas aí a gente descobre que isso é a apresentação de um quadrinho do personagem principal, Cody (Reid Miller), um jovem ilustrador, e de seu amigo Steve (Hawn Tran). Em uma montagem excelente do melhor da trasheira pastelona, já serve pra dar aquele susto no pessoal que deve já ir assistir o filme pensando que vai ser um lixo.

Cody tem alguns problemas com a família — e com autoridades no geral. Depois de fazer um desenho zoando o diretor do colégio, ele pega uma semana de castigo. Aí, com o coração cheio de raiva, ele vai utilizar uma caneta especial que seu avô lhe deu, um presente de Natal adiantado, para fazer os traços do Santa Jaws. Mas a caneta é mágica, e naquele momento o Santa Jaws passa a habitar as águas da cidadezinha onde todos moram.

Parece maluco, e é mesmo, mas funciona. Apesar da terrível qualidade dos efeitos e da óbvia produção saída do canal SyFy (óbvio porque a gente conhece a correção de cor que eles usam, é nítido que tem dedo deles), o filme tem seus encantos. Poderia ter saído de uma Sessão da Tarde de algum universo alternativo, sei lá. 

Tudo bem. Então Cody, com sua raiva e sua caneta mágica, fez o Santa Jaws ser real. No dia seguinte, ele e seu avô — o membro da família com quem ele tem uma relação melhor — vão pescar. Só que o avô de Cody é comido pelo enorme tubarão branco com chapéu de Papai Noel. Quando Cody conta para sua família, ninguém acredita nele, e ele acaba com outra semana de castigo.

Mas como acontece nesses filmes normalmente, chega o momento pós-desastre que todos começam a acreditar no menino brincalhão e meio maluco, porque várias pessoas foram vítimas do tubarão que ninguém imaginava existir. Aí o negócio que pega é: como deter o Tubarão Papai Noel?

Santa Jaws é dirigido por Misty Talley, que não é nenhuma caloura quando falamos de filmes de terror — ou de tubarões. Começou sua carreira em 2009, como assistente, e seu primeiro longa foi Zombie Shark em 2015. Desde então, já dirigiu Ozark Sharks em 2016, Mississippi River Sharks em 2017, e Santa Jaws em 2018. Seu próximo filme, que já está concluído de acordo com o IMDb, será The Tiger & the Oak — que, por incrível que pareça, não é sobre tubarões, é um documentário sobre a região de Cheniere au Tigre, na Louisiana. 

Apesar de não ter lançado filmes nos últimos 5 anos, Talley continuou trabalhando na indústria de outras formas — principalmente como editora de filmes e, mais recentemente, na edição dos efeitos visuais da série Mayfair Witches.

É um filme bom? Depende. O que você considera na hora de escolher um filme para assistir e o que você acha que quer dizer bom? Depende muito. Eu, por exemplo, tenho meus momentos. Esse aqui foi uma surpresa bacana. Acho que a dica que eu dou é: vai sem expectativa mesmo. Se você for esperando um lixo, vai se surpreender positivamente.



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