Tido por muitos como o pior filme adaptado de uma obra do Stephen King (com certa razão, é necessário deixar isso claro), eu escolhi, sem coerção, falar dele no nosso especial de alienígenas.
O Apanhador de Sonhos é um filme de 2003, dirigido por Lawrence Kasdan. Podemos dizer que Kasdan é um melhor roteirista do que diretor, levando em consideração os sucessos que emplacou nessa categoria (ele coescreveu Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca, Star Wars, Episódio VI: O Retorno do Jedi, Os Caçadores da Arca Perdida e foi roteirista de O Guarda-Costas).
No filme, quatro amigos de infância desenvolveram poderes especiais depois de ajudar uma criança com deficiência a se proteger contra alguns moleques que estavam fazendo bullying. Desde então, eles têm certas habilidades. Um deles, depois de sofrer um acidente, conseguiu se recuperar relativamente rápido. Todos os anos eles fazem uma viagem de caça a um lugar remoto no Maine. Dessa vez, entretanto, eles acabam se deparando com uma situação bem bizarra.
Há algo interplanetário rondando a floresta. Logo eles descobrem, de uma forma bem nojenta, se tratar de um baita alien sinistro que meio que é um parasita, no melhor estilo Invasores de Corpos (vejam bem, eu adoro Invasores de Corpos, já é o segundo filme que eu escolho que faz referência a essa história só nesse especial). Entre sangue, morte, vermes gigantes e o Morgan Freeman das operações especiais, esses quatro amigos vão enfrentar o cão chupando manga.
Pra começo de conversa eu não sei se concordo ou discordo desse título de “pior adaptação de Stephen King”. King não deu muita sorte com algumas adaptações dele, e eu não assisti todas pra dizer isso com certeza, também não li esse livro ainda. Está entre minhas favoritas? Não. Mas acho que Dreamcatcher tem seus charmes (se você empurrar bem pro fundo do seu coração todas as inconsistências e os tropos narrativos que o King cansou de usar e causam aquele desconforto, como a pessoa com deficiência que detém grandes poderes e os símbolos indígenas utilizados levianamente, mas enfim).
Preciso apontar que odeio os efeitos especiais desse filme. A história, em si, poderia ser muito bacana se alguém tivesse uns milinho a mais a gastar com esses efeitos. A gente vê uns bichão monstro em outras produções, como o próprio Prova Final, que falei aqui esses dias. Mas aí os caras inventam de fazer um alien de formato fálico numa cor de burro que fugiu, tenebroso.
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Fálico. |
Mas preciso apontar também que gosto muito do elenco, e os personagens — e isso pode ser uma característica muito boa ou muito ruim — parecem uma grande mixórdia de outros trabalhos do King. Sabe? Aqueles vários tipos de personagem? O piadista, o cara sério, o carismático que pode ser o líder do grupo, etc. Eu, particularmente, gosto disso. Acho que dá um gostinho mais de “hm, isso aqui é coisa do King”.
Agora, eu entendo que digam que esse filme é péssimo. Não estou dizendo que ele é bom. Mas ele tem, sim, seu charme. Pensem nele como um It, A Coisa, do grupo de acesso. Eu acho que quando a gente nivela ele por baixo, ele fica aceitável. E levando em consideração do que ele poderia ter sido se tivessem aproveitado melhor a grana gasta (curiosidade: ele custou 68 milhões de dólares, e conseguiu mundialmente só metade disso), ele seria um filme legal.
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Essa cena poderia, sim, ter saído do It do Andy Muschietti. |
Então assim, de coração, vale o tempo? Eu acho que vale. São duas horas, mas se você fechar os olhos para todos os defeitos, até que passa rápido. Tem algumas cenas bacanas, e é ótimo para aquele sábado preguiçoso.
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