O nada, o ar, a escuridão, o sexo, a água e o fogo. Esses são basicamente os elementos que formam Sob a Pele, além da pele, da vida e da morte. Um filme de Jonathan Glazer com roteiro dele e de Walter Campbell baseado levemente num romance de Michael Faber.
A premissa é simples e parece com várias outras histórias de aliens já contadas, Scarlett Johansson é uma alienígena de algum mundo extraterrestre que chega à Terra, veste a pele de uma mulher e passa a seduzir homens solitários na Escócia. Ela sabe muito bem o que quer e quem abordar e nenhum deles resiste à sua face e à sua forma física. O lugar predatório, um salão totalmente escuro e espelhado que as únicas coisas que a gente vê são as roupas sendo despejadas no chão e os reflexos dela e do homem que está prestes a afundar naquela escuridão que se torna viscosa e é engolido totalmente hipnotizado e ereto pela sedução da criatura que não chega a tocar nos caras em nenhum momento. Depois dali o que acontece vai sendo revelado à medida que a trama avança.
Jonathan Glazer atuou por anos na direção de videoclipes de bandas como Massive Attack, Radiohead, Blur, Jamiroquai, Nick Cave and the Bad Seeds e todos com uma pegada bem diferente e conceitual, é essa sua bagagem que ele carrega e mostra em seus filmes. Em Sob a Pele não foi diferente, pois o apelo visual do filme é bem satisfatório e hipnotizante assim como a estrela de seu filme é para os homens que são “atacados”. Além disso, as atuações e muitas tomadas parecem ser orgânicas e formadas por um elenco de não atores, deixando a coisa mais perto do real. Muitas tomadas nas ruas ou em shoppings, foram feitas com câmeras escondidas e até as cenas de dentro de van. Os homens que entravam nela, a principio não sabiam que estavam sendo filmados e só foram informados depois. Claro que Glazer pediu autorização e avisou que se eles quisessem seguir com a história, teriam que ir um pouco mais longe, como as sequências da sala negra. E, por último e não menos importante, tem a espetacular trilha sonora minimalista muito bem introduzida e que só faz somar com a trama composta por Milca Levi.
Mas voltando a trama, é um filme que gosto muito até chegar em seu ultimo ato que continuo desgostando na revisão que fiz para escrever aqui. Gosto desse entorpecimento que a alienígena vai ficando quando percebe o seu poder e à medida que seduz os homens, ela vai se agarrando mais ainda à sua nova pele, forma e alguns sentimentos humanos como empatia e o momento de ruptura disso, é quando ela seduz um homem com tumores faciais. Mesmo levando ele para seu canto escuro predatório, ao se deparar com seu reflexo humano e monstruoso, ela se arrepende e o resgata. Salvar este homem de si mesma, ao mesmo tempo que demonstra uma grandeza empática, é sua derrocada. Ela se quebra e como toda e qualquer mulher humana, se torna frágil e vulnerável para os machos humanos predadores. Ela deseja tanto que aquela sua pele seja real, que ao tentar ter relações sexuais pela primeira vez com um homem, percebe que sua genitália não tem a mesma formação das mulheres terrenas. É um filme que cabe diversas interpretações filosóficas e acredito que muito de seu entendimento está além da premissa básica que falei mais acima. Conversando com Queops logo que o filme acabou, falei que antes ela tivesse continuado a punir os homens que seduzia, do que ser punida por eles. Vai ter pena de macho!
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