#217 O 13° Guerreiro (1999)


O 13° Guerreiro

1999 – EUA colorido, 102 minutos

The 13th Warrior

Direção: John McTiernam

Roteiro: William Wisher Jr e Warren Lewis

Elenco: Antonio Banderas, Omar Shariff, Diane Venora, Vladimir Kulich, Dennis Storhoi, Maria Bonnevie e Turid Balker, entre outros e outras

- Dizem que eles devoram os mortos.

- Que tipo de homem faria isso?

- Não foi um homem.

Ibn (Lê-se “iben”) vive bem. É um intelectual respeitado e escritor idem, um homem tão benquisto entre os seus que a confiança excessiva o faz sentir-se à vontade para deitar com a esposa de um homem mais poderoso do que ele e que tem estreitas relações com o califa. Sem poder mandar executar Ibn por conta de sua posição, o califa decide exilá-lo eternamente, transformando-o num embaixador vitalício. Condenado a vagar pelo mundo com um entourage, quis o destino que o ele chegasse à tenda festeira de um povo temido por todos povos ao redor, homens brancos, altos, fortes, rudes, com mais lâminas ostentadas em seus corpos do que boas maneiras para se apresentar. Falam alto, embriagados, alguns solenes, outros já entregues ou a caminho do desatino. 

À sua maneira, eles estão pranteando a morte do seu rei quando um incidente à mesa define quem será o próximo a sentar no trono, dando assim, início aos ritos funerários. Pela manhã, após testemunhar um dantesco espetáculo de higiene, ele questiona sobre os desconhecidos que chegaram durante a noite e recebe uma resposta evasiva. Pouco depois, a feiticeira da tribo chega trazendo notícias, os desconhecidos são representantes de um reino amigo que fica além-mar e está sendo atacado por criaturas que chegam com a névoa e devoram os mortos, que óbvio, estavam vivos antes deles chegarem. 

As runas lhe revelaram o que deve ser feito: treze guerreiros devem se voluntariar e ir combater em território desconhecido um inimigo do qual se sabe pouco, quase nada. Bullwyf (Vladimir Kulich), o novo rei, dá o exemplo e é o primeiro a se candidatar, o que faz com que vários outros se ofereçam. Dois, três, quatro, sete, dez, doze deles, personagens que aprenderemos a respeitar e alguns até prantearemos no decorrer do filme... e então, a feiticeira interrompe a chuva de testosterona e vaticina que o décimo terceiro guerreiro deve ser um estrangeiro. Sim, sobrou para um incrédulo Ibn se embrenhar num outro lugar distante, cercado de desconhecidos, para lutar contra sabe-se lá o quê.

Como é de praxe nesse tipo de filme, a princípio a presença de Ibn, cabra bonitinho, limpinho, quase um lorde inglês em trajes árabes, não é levada a sério por seus companheiros de jornada, mas, aos poucos, ouvindo mais do que falando e se adaptando à nova realidade ao seu redor, ele angaria o respeito deles enquanto defende um lugar arruinado regido por um velho alquebrado e orgulhoso de um mal que emerge a cada cem anos.

Baseado em livro de Michael Chrichton (O Parque dos Dinossauros, também produtor do filme), O 13° Guerreiro teve uma produção complicada que ultrapassou seu orçamento original e não se pagou na bilheteria, apesar de ter conseguido reverter parte do prejuízo no mercado de vídeo. Recebido com frieza pela crítica, com o passar dos anos o público veio a perceber que estava diante de uma pequena jóia divertida, que, tal qual Beowulf, jornada épica na qual o filme também é inspirado, leva os corações de seus espectadores e espectadoras de zero a cem em questão de segundos.

É perfeito? Graças a zeus, não. Na verdade, é preguiçoso e repetitivo em vários momentos, mas, entrega o que se espera dele: sangue, morte, aventura, mais mortes, outras mortes, sangue e morte. Faça aquela bacia respeitável de pipoca acompanhada do líquido do seu gosto e se jogue. Confia.





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