#221 O Segredo da Cabana (2011)

O Segredo da Cabana

2011 – EUA colorido, 95 minutos

The Cabin in the Woods

Direção: Drew Goddard

Roteiro: Drew Gorddard e Joss Whedon

Elenco: Kristen Connoly, Fran Kranz, Richard Jenkins, Bradley Whitford, Jesse Williams, Anna Hutchinson, Chris Hemsworth, Brian J. White, Sigourney Weaver, entre outros e outras.

Mesmo com suas muitas explicações acadêmicas respeitáveis, para mim é difícil definir o que é o horror em mim e para mim. Ou não. Para mim e em mim o horror funciona porque ele não precisa de muita coisa para me deixar minimamente desconfortável, afinal medos são medos e são medos e são medos, todo mundo tem os seus e os meus, apesar de não estarem no campo do sobrenatural, também moram nos corações de muita gente mundo afora, todos muito banais e eficientes, acredite.

Outra coisa que me cativa no gênero é a honestidade com a qual o tema é tratado, independente do orçamento, elenco ou nacionalidade da produção. O Segredo da Cabana acontece de estar na seara de filmes norte-americanos, tem orçamento digno, elenco idem e trata com absoluto respeito várias tradições, clichês e personagens inerentes ao cinema de horror, claramente um filme feito por fãs para fãs, com esplêndido resultado.

Não se engane, este é um filme que nasceu clássico e que daqui há muitos anos ainda estará sendo discutido e comentado, pois abraça várias épocas desse cinema com seu visual atemporal em alguns momentos, onde menções à mensagens eletrônicas convivem perfeitamente com cenários de desenho setentista e todos os clichês pertencentes a esse universos são trabalhados de maneira que nos surpreende e entretém. Estão lá a final girl, a gostosona, o maconheiro, o bonitão e o gentil, porém, desenvolvidos de maneira que, mesmo sendo clichês, são bem recebidos pelo público por conta da abordagem dada ao roteiro, que tem um dos plots mais manjados e queridos por todos e todas nós: um grupo de amigos da universidade se reúne para passar um final de semana numa cabana na floresta (nome original do filme, saliente-se) recém adquirida pela família de um deles.

Todos jovens, saudáveis e de início, com comportamentos fora da curva desse tipo de personagens, com conversas e comentários relevantes sobre relações, sociedade e civilidade. Eles ainda não sabem, mas, seus destinos já foram traçados e moldados num plano maior do que tudo o que reside sobre o céu e a terra e que precisa deles para funcionar.

A cabana, a princípio um tanto quanto sinistra como tem que ser, se revela acolhedora em seu interior, até que ainda na primeira noite um alçapão no meio da sala se abre do nada, confirmando imediatamente a nossa impressão ao ver o imóvel e ligando o nosso alerta no máximo, coisa que deveria acontecer com qualquer pessoa que presenciasse o ocorrido, contudo, este é um filme de terror e apesar das súplicas de um deles, o grupo desce até o porão para investigar e dão de cara com um deposito de artefatos bastante sinistros, entre eles, um livro que claramente não deve ser lido, mas é. E em voz alta. Sim, já vimos isso antes, na verdade, já vimos muita coisa do que acontece na pouco mais de hora e meia de duração desse filme e é essa a graça dele. 

Ao saírem do porão, eles voltam a fazer as coisas que foram ali fazer, mas, como já disse, seus destinos foram traçados por um grupo secreto que monitora todas as suas ações através de câmeras e drogas, pavimentando um caminho onde a morte agonizante e a mudança do comportamento de cada um deles e delas terá impacto definitivo na existência, tudo costurado pela mais perfeita cartilha do horror com maestria e timing excelente de sustos, sangue e gore, mantendo o nosso olhar atento às muitas referências trabalhadas, sejam em seus diálogos ou imagens, transportando a todas e todas nós por uma montanha russa que desemborcará no fim do mundo se providências não forem tomadas enquanto eles e elas lutam por suas vidas.

Se você ainda não viu O Segredo da Cabana, ok, eu te perdoo e te recomendo que o faça o quanto antes, todavia, quando estiveres a fazê-lo, respire, não fique anotando as referências, deixe-as pipocar na tela enquanto o seu coração se regozija a cada uma delas que reconhecerá e serão várias! Monstros, criaturas, seres mitológicos, demônios, fantasmas, humanos canalhas. O leque é lindo, assim também como a abordagem e o uso deles e delas, num filme de horror muitíssimo bem-humorado que é ouro puro e pede espontâneas revisões no decorrer da vida de quem o vê, pode perguntar a quem já viu e gostou. Filmaço.






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