EUA - 2022 colorido, 87 minutos
Unhuman
Direção: Marcus Dunstan
Roteiro: Marcus Dunstan e Paul Soter
Elenco: Brianne Tju, Ali Gallo, Benjamin Wadsworth, Drew Scheid, Uriah Shelton, C.J. LeBlanc, Lo Graham,
Peter Giles, Tony Donno, entre outros e outras.
Tomemos como exemplo o caso de Ever (Brianne Tju), a protagonista, filha de uma mãe solo (Dana Wing Lau), provável imigrante de um país asiático que não chega a ser vinte anos mais velha que Ever e que sobrevive entre turnos de trabalhos que, a julgar pela casa onde vivem, não paga muito bem. A garota está nervosa, pois terá que passar o dia numa excursão com colegas da escola que, igual a ela, estão de recuperação e têm nesse passeio a chance de não repetir de ano. Mesmo com problemas de sociabilidade, Ever tem uma melhor amiga, Tamra (Ali Gallo), uma jovem que, por ter o mesmo problema central de Ever (liseu crônico familiar), não tem acesso às pessoas mais populares da escola.
À caminho da excursão, as duas se envolvem num acidente e quase atropelam Randall (Benjamin Wadsworth), um colega, que ao perceber que a motorista é o seu crush, perdoa imediatamente o acontecido para logo depois ser humilhado publicamente por Danny (Uriah Shelton) e Hunt (C.J. LeBlanc), os valentões da escola, acompanhados de Jacey (Lo Graham), a namorada de um deles, que vão embora cantando os pneus do carro e gritando impropérios. E Ever nem chegou na escola, ainda. À espera delas, o Sr. Lorenzo (Peter Giles), o responsável pela excursão, um homem de meia idade sem o mínimo tato para tratar com adolescentes, que recolhe todos os aparelhos celulares enquanto afronta de maneira passivo agressiva os estudantes e as estudantes, além do motorista. Percebem como a cartilha do "roteiro careta futebol clube" é seguida à risca? Quase isso.
Apesar de parecer com muitos outros filmes que já vimos, Desumano chama a atenção pelo cuidado que tem com a apresentação de cada personagem, uma gama bem distribuída de perdedores padrão cujos diálogos são mais interessantes do que os que constantemente oferecidos neste tipo de menu, o que faz com que ela, a capacidade chamada "empatia", cresça em nós no decorrer do filme, afinal, os garotos e garotas se veem frente a frente com um perigo muito maior do que o fato de terem que conviver por um dia inteiro, quando um acidente bizarro os tira da estrada, causando ferimentos leves em alguns deles e delas. Uma névoa espessa dificulta a visão exterior e o rádio, em difusão especial de emergência, avisa que um incidente químico de grandes proporções aconteceu e que a nuvem de vapores advindas disso enlouqueceu as pessoas, tornando-as bestiais e incivilizadas. A princípio descrentes do que ouvem, não demora muito para que eles e elas tenham que lutar por suas próprias vidas, aquartelados num prédio abandonado, enquanto são atacados por criaturas famintas que antes aconteciam de ser seus colegas, num jogo de sobrevivência onde dolorosas decisões terão que ser tomadas, amadurecer inclusive, mas, enquanto isso não acontece, morre-se aos borbotões enquanto nos desesperamos junto com eles e elas, porém certos da nossa salvação, pois estamos do outro lado da tela, já os garotos e as garotas...
Desumano é uma diversão eficiente que pediu revisão imediata deste escriba que, confessa a vocês, vai rever de novo logo após o ponto final deste texto. Sangue, morte, dor e trauma, nada graficamente ultrajante que faz bem o que se propõe, mesmo que um ligeiro declínio aconteça em seu ato final, porém, nada grave o bastante que comprometa o todo. O diretor e roteirista Marcus Dunstan é responsável por vários roteiros da franquia Jogos Mortais, além de ter escrito um dos segmentos de Histórias Assustadoras para se Contar no Escuro (2019, produção de Guillermo Del Toro), a produção é da Blumhouse, além de contar presença de Drew Scheid, um rosto cada vez mais atuante em filmes de gênero, como na mais recente trilogia Halloween em A Trilogia do Medo: 1978. Confia.
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