#230 Sexta-Feira 13 (1940)

Karloff pensando: o mundo dá voltas e agora vou dar um de Dr. Frankenstein.

Crimes, vinganças, boas ações e uma história que lembra muito o complexo mito de Frankenstein.

Black Friday ou Sexta-Feira 13 é uma ficção cientifica de horror dirigida por Arthur Lubin e estrelada por Boris Karloff e Bela Lugosi, mas sem se cruzarem em cena, uma pena. Karloff é o médico cirurgião Dr. Ernest Sovac que está preso e prestes a ser assassinado pelo estado na cadeira elétrica, só que antes disso, ele entrega todas as suas anotações para um jornalista que ele julga ter sido o único que o tratou com justiça em seus artigos e saberá o que fazer com o conteúdo escrito ali. Na caderneta consta tudo sobre sua descoberta e o motivo que o levou àquela fatídica sexta 13 e o grande flashback dessa história começa. 

Dr. Sovac tem um melhor amigo chamado George Kingsley (Stanley Ridges), gentil professor universitário de literatura inglesa que foi atropelado, na sua frente, pelo carro do gangster Red Cannon (também interpretado por Ridges) durante uma perseguição e tiroteio com outros bandidos de sua patota. Enquanto Kingsley está praticamente morto, o dano no seu cérebro foi fatal, Cannon está vivíssimo, mas com uma lesão na sua coluna que pode lhe custar os movimentos. Dr. Sovac fica sabendo que o bandido escondeu uma fortuna de 500 mil dólares e enfrenta o dilema de se vingar ou salvar o amigo. O gangster então lhe oferece uma quantia considerável para que o Dr. Consiga fazer andá-lo novamente. É então que Sovac transplanta parte do cérebro de Cannon para o corpo do professor, salvando assim os dois. Digo os dois porque ao perceber o que sua “boa ação” causou no professor, Sovac o leva para Nova York e os dois se hospedam no mesmo hotel em que o bandido Cannon costumava ficar causando lapsos de memória e até mudança de personalidade no professor. Essa transição do professor para o gangster é incrível e mostra todo o talento de Ridgers ao abraçar o desafio de interpretar duas personalidades distintas, papel inclusive que era para ser de Karloff, mas que foi negado fazendo questão de interpretar o medico que seria de Lugosi, mas ao invés de terem papeis trocados, Lugosi simplesmente foi deixado para interpretar um chefe bandido que mal aparece em tela e quando aparece é muito mal aproveitado. Coisas da vida. Karloff depois em entrevista confessou que não se sentia apto para o complexo papel de Kingsley/Cannon, pois não ia conseguir mudar sua voz nem suas expressões tão rapidamente. Realmente a voz de Karloff é marcante demais e talvez ele tenha sido sensato quanto a isso. Grandioso demais da parte dele reconhecer isso.

Dr. Sovac e professor Kingsley

Dr. Sovac e o ganster Cannon

As duas personalidades brigam no corpo do professor e quando assume o lado bandido, ele vai atrás de vingança assim como também de seu dinheiro. O filme não tem firulas e vai direto ao ponto, com tensão e ação na mesma medida não deixando a gente entediado em momento algum, embora a direção de Arthur Lubin deixe a desejar em alguns momentos. Mesmo com as presenças de Karloff e Lugosi, que já trabalharam juntos nuns 4 ou 5 filmes, o grande destaque desse thriller é Stanley Ridges que rouba a cena toda vez que assume suas duas personalidades distintas, quase como uma espécie de Dr. Jekyll e Mr. Hyde e eu só fui saber que era o mesmo ator quando fui procurar informações sobre o filme. É realmente impressionante o trabalho corporal de Ridges. Altamente recomendável e tem no Youtube. 

Bela Lugosi como o bandido esquecido do rolê.


Comentários