#231 Marebito - Seres Estranhos (2004)

O diretor Takashi Shimizu não é estranho para quem é fã de horror. Ele é criador do já clássico O Grito (2002), sendo diretor e roteirista, assim como também dirigiu a versão americana, tanto o primeiro quanto o segundo filme. Do gênero ele entende! Então não é de surpreender que ele tenha se aventurado nesse universo que tanto amamos. Em Marebito, também escrito e dirigido por ele, o diretor propõe um ar mais experimental à produção.

Takuyoshi Masuoka é um cameraman freelancer que trabalha fazendo matérias jornalísticas, mas seu principal hábito é andar pelas ruas utilizando a câmera como se fosse seus olhos. É através dela que ele enxerga o mundo, tanto enquanto acaba, por ventura, capturando a cena de um suicídio quanto quando está em casa reassistindo tudo o que filmou em seus televisores, numa mesa de edição bem estruturada.

Mais do que isso, sua busca se encontra no resultado do que o medo causa. Ele é um homem que sofre de depressão e, isolado, soturno, aparentemente não consegue encontrar nenhum tipo ânimo na vida, mas a própria vida em si, com todos os seus perigos e sua violência, o deixam excitado. Mas ainda falta algo. E é na filmagem do suicídio que ele percebe que a pessoa enxergava algo antes de morrer e que isso causava muita aflição nela. Sua busca é por essa aflição e, com isso, ele sai buscando pelos túneis da cidade onde seria a origem desse sentimento. Parando de tomar seu remédio, seguindo sons como chamados, refletindo sobre teorias conspiratórias de cidades subterrâneas, até mesmo sobre a Terra Oca, ele alcança as Montanhas da Loucura, um local totalmente diferente da superfície e que irá mexer mais ainda com sua visão de mundo.

O filme tem inspirações em Lovecraft, como pode ser observado, mas elas não vão muito a fundo a não ser com determinadas menções e criaturas que poderiam ter sido saídas dos livros. Ele é bastante interessante pois não é objetivo, não possui uma explicação exata sobre qual é o tema e se tudo o que vemos é real. Assim como Masuoka vê o mundo pela câmera, a gente enxerga pela mente dele. O filme é quase inteiro narrado pelo personagem com suas divagações. Isso me interessou muito.

Algo que é bacana de notar também é que o filme foi feito com câmera digital, o que trás uma qualidade inferior a ele, mas que acaba se aproximando da narrativa, trazendo mais brilho a ela. Eu indico assistir de maneira despretensiosa e com a mente bem aberta para as possibilidades.

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