#248 Dois Minutos Além do Infinito (2021)

Dois Minutos Além do Infinito

2021 - Japão colorido 70 minutos

Direção: Junta Yamaguchi

Roteiro: Makoto Ueda

Elenco: Kazunari Tosa, Riko Fujitani, Gōta Ishida, Masashi Suwa, Yoshifumi Sakai, Haruki Nakagawa, entre outros

Mesmo sabendo da sua impossibilidade, a viagem no tempo é um tema cativante desde sempre. Através da literatura e outros meios, em algum momento das nossas vidas nos pusemos a pensar sobre o assunto e o que faríamos se nos fosse dada essa possibilidade e munidos dela, corrigir algo em nossas vidas ou até mesmo na história. Sim, viajar no tempo é possível, porém, não através de bugigangas ou máquinas movidas à energias oriundas de pseudociências, podemos sim, avançar ou voltar no tempo enquanto lemos livros escritos há décadas ou até mesmo séculos, quando o texto nos leva a distantes passados e futuros, descrevendo com impressionante precisão o momento em que vivemos através de analogias e aguçada perspicácia, que o diga 1984 (de George Orwell, publicado em 1949), um dos exemplos mais clássicos disso, onde num futuro distópico a sociedade tem suas vidas perscrutadas pelo Estado enquanto é afogada em notícias falsas por um governo totalitário, já Neuromancer (de William Gibson, publicado em 1980) acertou na veia no quesito relação humanidade/apetrechos eletrônicos e o controle exercido por grandes corporações em nossas vidas e isso apenas nas sendas da palavra escrita, pois se formos analisar outros meios, este texto se transformaria em livro. 

O Japão, onde se passa a história, é uma viagem no tempo por si só, um país onde o passado e o futuro convivem, ainda que por vezes se confrontem. Em Tóquio, por exemplo, não é incomum ver pessoas vestidas com indumentária samurai lado a lado com pessoas com pessoas vestindo indumentária cyberpunk e é exatamente lá que acontece um dos mais inusitados e divertidos sci-fi da história recente, quando Kato (Kazunari Tosa), um músico, é interpelado por si próprio através de uma transmissão ao vivo na tela de seu computador, quando o seu "eu" do futuro se comunica com ele diretamente do café que possui no térreo do prédio onde mora. Incrédulo a princípio, ele logo descobre que apenas dois minutos o separam "de si mesmo" e entre sobes e desces, outras pessoas são inseridas numa trama bem humorada onde coisas comezinhas da vida, como convidar seu interesse amoroso para vê-lo tocar num show, são trabalhadas sem que em nenhum momento nos esqueçamos do tema principal, enquanto os envolvidos e envolvidas tentam descobrir o que está acontecendo e porquê, até que agentes externos colocam suas existências em perigo. 

Filmado a parecer um plano sequência e usando celulares, sua curta duração e elenco eficiente fazem deste filme uma experiência agradável que planta em nossos corações a certeza de que não são necessários milhões de dinheiros para trazer à luz obras inesquecíveis. Recomendo fortemente.





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