William Cameron Menzies foi um designer de produção de cinema norte americano muito conhecido por adotar cenários e cores que refletiam o estado de espirito dos personagens, ganhando, inclusive, alguns Óscares. Seus primeiros trabalhos e prêmios ainda foram durante o cinema mudo e em 1929, na primeira cerimonia do Oscar, levou o prêmio de Melhor Direção de Arte por A Mulher Cobiçada de 1927 e A Tempestade de 1928. Menzies também foi o responsável por dirigir a arte da sequência do incêndio em Atlanta no filme E O Vento Levou, tendo trabalhado também na direção de filmes clássicos de fantasia e ficção cientifica, como Daqui a Cem Anos de 1936 adaptado de H.G. Wells, Invasores de Marte de 1953 e do mesmo ano, O Terror da Torre, nosso filme do dia aqui no 365.
O Terrror da Torre é um filme de 1953 e Menzies já tinha experimentado de quase tudo na direção de arte e designer de produção, dessa vez, num filme que mistura elementos de forma atmosférica horror, romance e sci-fi, ainda traz consigo o elemento 3-D. É, pois é. Bem antes da onda 3-D pegar nossa geração, o recurso já foi utilizado e esse aqui seria o segundo filme nesse formato trabalhado por Menzies, no entanto, ao invés de seguir a risca as imagens projetadas que o tridimensional pede, Menzies optou por algo com mais conceito e sensorial. O filme conta com algumas cenas realmente que dão a impressão de estarem saindo da tela, mas acredito que aqui os elementos mais fortes sejam as sombras, as profundidades ambientais e alguns pontos de fuga trabalhados no jogo de câmeras, que por sinal, rendem uns belos “one perfect shot”.
Na trama, acompanhamos a jornada de Kitty Murray (Veronica Hurst) e sua tia Edith (Katherine Emery) para descobrir qual segredo sombrio esconde Gerald MacTeam (Richard Carlson), noivo de Kitty e herdeiro de uma família ancestral de nobres da Escócia. Kitty, Gerald, Edith e alguns amigos estão em Cannes comemorando o noivado e fazem planos para o casamento que será realizado dentro de algumas semanas, mas os planos são interrompidos quando Gerald recebe um telegrama exigindo sua presença no castelo dos Craven, onde seu tio mora e aparentemente está prestes a perder a vida. A história começa sendo narrada por tia Edith, que nos introduz ao mistério que envolve a família Craven e sua morada. Nela existe um labirinto cuja entrada especifica em letras garrafais a entrada proibida de qualquer uma e quando seu noivo, que prometeu voltar a tempo do casório, fica seis semanas sem dar noticia enviando apenas um telegrama informando do rompimento do compromisso, intrigada, Kitty resolve ir ao castelo averiguar. Para surpresa dela e de sua tia, elas encontram um Gerald envelhecido, rude e distante. Ele exige que elas partam no dia seguinte, mas Kitty é teimosa e arranja um jeito de esticar sua estadia até descobrir que segredo cabeludo guarda seu noivo.
Tudo se desenvolve de forma a aumentar cada vez mais o mistério. O castelo tem suas próprias regras como trancar o quarto das hospedes todos os dias sempre no mesmo horário, para logo em seguida ouvirem sons de algo se arrastando pela brecha da porta. Como grande maestro da construção atmosférica de horror por imagens, Menzies explora isso de forma magistral no filme, impossível não lembrar do estilo elegante e sombrio de Val Lewton.
Sobrenatural? Monstros? Mutações genéticas? Todos os clichês de gênero são usados como nevoas, mordomos arrogantes, ambiente externo com arvores retorcidas, cenários projetados para invocar austeridade e mais algumas possibilidades que alimentam a imaginação de quem é fã do gênero. O clímax infelizmente não condiz com toda a construção até a revelação final, mas mesmo assim é um filme que pode funcionar quando apelamos para a suspenção da descrença, recurso inseparável para nós apreciadores do gênero, né?
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