#269 A Noite do Demônio (1957)

Eu sou totalmente da ideia “existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”. Infelizmente, quando se diz respeito ao submundo e ao sobrenatural, eu sou uma pessoa muito imaginativa e crente. Acredito em quase tudo até que me provem o contrário. Acredito, sobretudo, no poder e na vontade que as pessoas têm de causarem mal às outras, por meios naturais ou não.

Então, eu sou uma grande fã de histórias que colocam a ciência e o sobrenatural na disputa. Não é atoa que alguns dos meus livros favoritos de locais assombrados têm essa premissa — os anos 1970 tá lotado dessas obras, que vão de Hell House do Matheson ao Demônio de Gólgota de Frank De Felitta, onde grupos de cientistas vs crente se unem para explorar um local assombrado; não é por coincidência, também, que foi um ano de obras grandes sobre parapsicologia e exorcismos. Antes disso, porém, outras histórias trataram do assunto, com outros elementos e outras explicações.

Em A Noite do Demônio, de 1957, acompanhamos um cientista, John Holden (Dana Andrews), que se dirige a um congresso que discute seitas, situações ditas sobrenaturais, o velho contrapeso entre ciência e a crença humana que há algo além do nosso mundo palpável. Holden é absolutamente cético. No entanto, uma morte misteriosa, de outro cientista chamado Henry Harrington (Maurice Denham), leva Holden a uma teia de situações inexplicáveis, que inclui uma possível ameaça de morte dele próprio. Junto dele está Joanna Harrington (Peggy Cummins), sobrinha de Henry que encontrou seu diário e tem sérias preocupações quanto a morte do tio. E o antagonista dessa história toda é o feiticeiro Julian Karswell (Niall MacGinnis), tema, também, de pesquisas de Henry e do próprio congresso que está acontecendo. 

Holden guarda uma vontade enorme de desmascarar Karswell, mas ao longo do filme, conforme acontecem na maioria dessas histórias, ele se vê cada vez mais próximo a essas situações inexplicáveis. Sua relação com Joanna também o leva a questionar cada vez mais seu ceticismo.

O filme foi dirigido por Jacques Tourneur, que tem um currículo pra lá de de peso-pesado, com filmes como A Morta-Viva (1943) e Sangue de Pantera (1942). A história é uma adaptação do conto “Casting the Runes”, de M. R. James, um nome forte em histórias de fantasmas. 

Mas, uma das coisas que mais me chamou a atenção ao longo do filme, foi um detalhe de efeitos especiais, um demoniozão enorme que eu achei impressionante. Os efeitos foram feitos por George Blackwell, que também foi responsável por efeitos em filmes como O Abominável Dr. Phibes (1971) e A Orgia da Morte (1964), ambos de Vincent Price; e Wally Veevers, que trabalhou nos efeitos visuais e especiais de The Rocky Horror Picture Show (1975) e 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968).

Gosto demais de filmes velhos. Eles têm aquele charme que torna uma delícia de assistir. Nas minha sessões de madrugada (23h) antes de dormir nos finais de semana, minhas escolhas geralmente são esses filmes antigos, em preto e branco, e dublados, que eu acho que ainda deixa tudo mais mágico. Eu recomendo demais dar uma vasculhada em décadas passadas pra encontrar esses filmes. Por mais que os roteiros possam parecer batidos pra nós hoje, eles guardam uma porção de coisas impressionantes. 

Pra dobradinha com esse aqui eu recomendo um dos meus favoritos, A Filha de Satã (que, no original, tem os nomes de Night of the Eagle ou Burn, Witch, Burn), de 1962. Os dois dão uma double feature especial e deliciosa.




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