A ideia de ter um filme espanhol de zumbis esqueléticos que são templários cegos e atacam montados em cavalos sempre em câmera lenta me deixava deveras empolgada, mas esbarrava na burocracia de não encontrar tão fácil cópias boas desses filmes. Eu pensava: gente, esse é definitivamente UM FILME que não tem como ser ruim.
Intitulado originalmente La Noche del Terror Ciego, o filme começa com um jovem casal de amigos Virginia (María Elena Arpón) e Roger (César Burner) que estão de férias e enquanto se divertem à beira da piscina, encontram Betty (Lone Fleming), uma velha amiga de Virginia. Conversa vai, conversa vem, Roger logo demonstra interesse em Betty, deixando Virginia enciumada, bom...pelo menos é o que deixa a entender, mas eis que no decorrer da trama, o subtexto sáfico acaba subindo. Mas isso não vem ao caso agora. Bom...eis que Roger convida Betty para o passeio que ele tinha planejado fazer com Virginia. Betty sente que sua amiga não está confortável com os avanços de Roger e meio que recusa, mas o homem insiste e ela acaba aceitando. Já no trem, as investidas ficam mais ousadas e Virginia toma a decisão de pular do trem em movimento (que ideia????), já que por ali não tinha nenhuma estação e ao que indicava o maquinista e seu filho, o lugar mais próximo era uma cidade medieval em ruinas que guarda algumas superstições assombrosas. Betty e Roger veem Virginia já em terra, tentam parar o trem, mas sem sucesso.
Eles seguem viagem enquanto Virginia explora o lugar abandonado tentando achar algum pé de gente, sem sucesso, ela decide passar a noite por ali mesmo, mas no meio da madrugada, recebe a visita dos tais templários cegos com formas esqueléticas segurando espadas e montados em cavalos. Eles atacam a moça e a matam. Virginia é encontrada pela policia com mordidas por todo o corpo e eis que a partir daí tem início a saga de descobrirem quem matou Virginia e como fizeram, já que a lenda dos zumbis templários cegos bom...é só uma lenda que contavam para assustar crianças trelosas. Mas há quem acredite que eles de fato existem e é quando ficamos sabendo que quando vivos, eles foram excomungados da igreja por adoração ao diabo e faziam rituais com inocentes e sangue em troca da vida eterna.
Ossorio emprega aqui uma legitima atmosfera de pavor em sua maioria graças ao aspecto dos zumbis. Quem assistiu O Senhor dos Anéis vai lembrar dos Cavaleiros Negros sem rosto, os Nazgûl, pois lembra demais os zumbis do nosso filme. Outra coisa que chama atenção no decorrer da trama são os comportamentos de certos personagens, que tomam atitudes só para terem motivos para morrer. Além de tudo isso, há o grande charme setentista que vai desde as texturas das imagens, passando por iluminação, closes e maquiagens tocas com membros emborrachados decepados e peles de látex sendo arrancadas. Entretanto, ainda assim, os maiores momentos são das estrelas esqueléticas carniceiras sanguinárias e lentas, os zumbis cegos, que numa cena onde se guiam apenas pelas batidas do coração de Betty, demonstram todo seu talento e destreza assassina. Importante ressaltar que Ossorio considerava mais os cavaleiros como múmias vampirescas do que propriamente como zumbis, já que não demonstravam nada de irracionalidade, como eram conhecidas as criaturas mortas-vivas.
Essa história fez tanto sucesso na Espanha que Ossorio conseguiu produzir mais três filmes com a saga dos monstrinhos e em breve brevíssimo voltarei aqui falando sobre eles. Será que são tão bons quanto esse primeiro? Me aguardem.
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