Alienígenas, zumbis, jovens fazendo burrice e o Tom Atkins em seu melhor papel (sim), A Noite dos Arrepios é um daqueles filmes que tem tudo que a gente gosta.
Em 1959, um grupo de alienígenas fazendo experiências acaba perdendo uma arma mortal. Perdendo, ok, talvez não seja exatamente a palavra. Um dos aliens simplesmente coloca a arma em uma escotilha e a envia em direção a Terra. Chegando aqui, é claro que ela iria ser encontrada por um casal jovem e romântico — e em preto e branco, para mostrar que estamos falando da Terra no passado. Pam (Alice Cadogan) e Johnny (Ken Heron) estão namorando no carro do rapaz quando veem uma estranha figura luminosa passando voando acima de suas cabeças. Johnny, atleta, vai até lá ver o que caiu. Pam fica sozinha no carro e acaba ouvindo no rádio que um maníaco escapou do hospital psiquiátrico ali perto.
Só até aqui já temos tantos elementos típicos do slasher anos 1980. Esse filme é um prato cheio, eu fico até emocionada. Merecia mais.
Enfim, quando Johnny toca no cilindro espacial, uma estranha gosma voa na cara dele. Enquanto isso, Pam está prestes a ser atacada pelo maníaco fugitivo.
E aí temos chegamos na atualidade (deles).
Estamos agora em 1986 e um jovem, Chris Romero (Jason Lively), que acabou de entrar na Universidade Corman, fica interessado em Cynthia Cronenberg (Jill Whitlow). Para chamar a atenção dela, resolve entrar para uma fraternidade — que, por azar do rapaz, é comandada pelo namorado da moça. O trote para entrar na fraternidade é roubar um cadáver do centro médico da universidade e colocá-la na escadaria da fraternidade rival. E, né, imagino que vocês saibam mais ou menos para onde isso se encaminha. Ao lado de seu amigo J.C. Hooper (Steve Marshall), lá vai o pobre coitado do Romero se meter numa roubada. Quando eles encontram o cadáver, o cadáver simplesmente dá um chega pra lá neles e acaba assassinando um pobre-coitado que estava trabalhando ali por perto.
Quem fica encarregado de investigar essa baderna toda é o detetive Ray Cameron (Tom Atkins) — que, juro pra vocês, era o ex da Pam, aquela do começo do filme, que largou dele pra ficar com o Johnny e acabou em péssimos lençóis.
Até então, ninguém tá muito ligado que aquele cadáver de 1959 se tornou um zumbi, e que todos que tiverem contato com ele vão se tornar zumbis também. É, paciência. Quando a Cynthia tenta contar pra eles que zumbis estão metidos nisso, Romero e Hooper não acreditam nela.
E aí é só ladeira abaixo. A investigação continua, Ray Cameron faz o possível para manter as donzelas a salvo, e esse filme tem um dos melhores usos de um lança-chamas que já houve em um filme (eu amo lança-chamas como armas em filmes de terror).
A Noite dos Arrepios foi dirigido por Fred Dekker, um cara extremamente injustiçado que desapareceu depois de ter dirigido Robocop 3. Ele continuou escrevendo algumas coisas, inclusive O Predador, de 2018 (espero, de coração, que ele tenha escrito as partes legais desse filme, e não as tenebrosas).
O Dekker era um baita fã de horror. Ele ajudou no roteiro de A Casa do Espanto, do Steve Miner, e também dirigiu Deu a Louca nos Monstros, uma carta de amor aos Monstros da Universal. Vocês devem ter percebido o sobrenomes dos personagens: Cronenberg, Romero, Hooper, Cameron, a faculdade Corman… e ainda tem alguns outros, como Raimi, Landis, Miner, Bava e Craven. Essa é só mais uma forma de mostrar como o Dekker era um cara apaixonado pelo gênero.
Por si só, mesmo sem esses pequenos agrados e acenos a grandes nomes dos filmes de terror, A Noite dos Arrepios é um filme muito competente. Divertido, grotesco, com cenas ótimas, é daqueles que você termina de assistir e torce pra ver de novo em breve.
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