#290 A Noite das Gaivotas (1975)

Finalmente chegamos ao quarto e ultimo da saga dos zumbis cegos de Amando de Ossorio. Durante esse tempo, fiquei pensando em quantas franquias de terror se sustentaram bem até sua terceira sequência em condições orçamentárias praticamente mínimas como essa, ainda mais vindo de um cinema europeu, na década de 70 e fora dos grandes estúdios. Acho que isso já é grande motivo para celebrar a existência dessa quadrilogia e convenhamos, estamos aqui para isso e fico feliz em ver que despertei o interesse de algumas pessoas para que olhassem para esse cinema.

As tumbas dos templários mortos-vivos cegos foram abertas pela ultima vez em 1975 num filme que não traz muito de novo, mas que consegue imprimir toda atmosfera de medo, pavor e terror igual conseguiu em seu primeiro filme. Aqui, iniciamos a jornada nos tempos antigos. Os templários ainda tinham carnes e suas roupas ainda eram brancas. Eles encontram um casal que adentram na cidade medieval, mas estão perdidos. O homem então vai pedir ajuda enquanto a mulher fica sozinha na carroça o esperando. E quando os templários em seus cavalos imponentes matam o homem enfiando-lhe a espada no bucho. Os templários agora capturam a mulher e a levam para o local de sacrifício, fazem todo aquele ritual que a gente já conhece de arrancar suas roupas, enfiar uma adaga no peito e arrancar seu coração. O que muda dessa vez é a entidade cujo coração da dama lhe é ofertado, uma estatua de uma criatura marinha que tem formas de um sapo. Depois que o coração da moça é colocado na boca do sapo (hmmmm...), os outros templários se refestelam com o sangue dela e quando acabam o banquete, o que sobrou é dado aos caranguejos.

Agora estamos no tempo atual (atual de 1975, né) com o médico Henry (Victor Petit) e sua esposa Joan (María Kosti) na mesma cidade, agora em ruinas e com quase nada de habitantes, procurando aonde mora o médico da cidade. Henry será seu substituto e quando entra numa mercearia para pedir informações, os locais se calam não lhes dirigindo a palavra. Até que Henry se utiliza da força e consegue na marra saber aonde o velho médico mora. Chegando lá, o médico já de saída e com pressa, avisa para henry fazer o mesmo e lhe da o aviso para não sair durante a noite. De fato, durante a noite coisas esquisitas acontecem como sinos que badalam, pessoas de preto que marcham na praia, gaivotas que cantam e moças são sacrificadas na praia enquanto templários mortos-vivos descem da colina em seus cavalos e cavalgam na praia em busca de sua oferenda. O ritual assusta Lucy (Sandra Mozarowsky), que vive apavorada à espera da sua hora. Ela não tem ninguém na vida e conseguiu trabalhar na casa do médico e de sua esposa. Há também Teddy (José Antonio Calvo), um habitante limitado intelectualmente que todos da cidade adoram bater. Ele foge e consegue se abrigar no porão da casa de Henry e Joan. O mesmo tropo utilizado por Amando em seu segundo filme, só que aqui, o personagem maltratado não é um escroto e nem o motivo da volta dos templários.

A Noite das Gaivotas segue sem muitas explicações e sem muitas novidades, entretanto, eficiente em construir o mistério até chegar no seu ápice e como todos os filmes da saga, esse não seria diferente, deixando o melhor de tudo para os minutos finais da trama. Igual aos outros também (menos o segundo filme), o figurino é um dos grandes destaques e o design dos templários que volta à sua forma esquelética como no primeiro. Outra coisa que se destaca super bem nesse ultimo filme, é a música. Acho que os três anteriores serviram de algum aprendizado e aqui os cânticos fúnebres dos templários mais o clima praiano noturno são de arrepiar e cumprem bem o papel de ser mais um elemento a somar toda a atmosfera. Eu não sei se o que causa mais medo são as assombrações ou todas aquelas pessoas que agem friamente entregando até parentes em busca de uma “paz” ao invés de lutar. Vendo assim, já nesse quarto filme, me parece que Amando, assim como George Romero, busca esse dialogo com o espectador. Quem são os verdadeiros monstros? Templários zumbis cegos ou seres humanos ambiciosos e egoístas? 






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