#309 Rose Red (2002)

Há um tempo (meses, anos, não sei, me perdi), eu pensei “poxa, seria uma boa ideia assistir todos os filmes baseados em obras do Stephen King que ainda não vi”. É, pois é, “boa ideia?” vocês me perguntam. 

O King sofre de um tipo de maldição, assim como o Barker, sinto muito em dizer, de que muitas de suas obras são adaptadas, mas muitas também deixam a desejar. Não sei o que acontece, porque várias das histórias do King são muito adaptáveis — digo isso em questão de imagem, de narrativa, até de vendas. Apesar de eu sempre gostar muito dos filmes que são adaptados de algo que ele escreveu, eu sou obrigada a ser realista.

PORÉM, o caso desse filme que vou falar aqui é um pouquinho diferente. E é um daqueles casos de que eu talvez goste mais dos detalhes dos bastidores — ou da pré-produção — do que do filme em si, apesar de ter gostado do filme. 

Rose Red, ou A Casa Adormecida, é um filme (minissérie) de cerca de quatro horas que foi lançado em 2002. Dirigido por Craig R. Baxley, Rose Red foi escrito por Stephen King especialmente para as telas. Não houve uma obra base por trás disso. Apesar do nome parecido, Rose Madder, que é um livro do autor, não tem nada a ver com essa história aqui.


 Agora, os boatos. King é um grande fã da Shirley Jackson (e isso não é um boato), e a história que se conta é que ele queria muito fazer um tipo de remake nos anos 1990 de Desafio do Além, do Robert Wise, que adapta Assombração da Casa da Colina. Ele chegou a apresentar a proposta para o Spielberg, mas as coisas não foram adiante. Ninguém sabe o que aconteceu exatamente, o que se sabe é que alguns anos depois, surgiu A Casa Amaldiçoada, de 1999, dirigido por Jan de Bont.

O King não é um cara que tira ideias da cabeça muito facilmente. Então, em 2002, ele aparece com o Craig R. Baxley e uma minissérie de quatro horas reunindo vários elementos de histórias de casas assombradas e transformando em uma história. 

Antes de tudo, é necessário comentar que o Craig R. Baxley não tem uma longa carreira no terror. Na verdade, ele é um cara da ação. Ele foi, por exemplo, coordenador de dublês no filme O Predador, de 1987. Por que ele foi escolhido para esse filme? Mistério.

E a história é a seguinte: Construída em 1906 pelo magnata do petróleo John P. Rimbauer como presente de casamento para sua esposa Ellen, Rose Red foi construída no centro de Seattle. Mas, desde sua construção, ela parece ter seus próprios segredos. Ao longo de sua história, várias tragédias tiveram lugar em Rose Red. Anos mais tarde, assim como em Assombração da Casa da Colina, um grupo, reunido por um parapsicólogo, decide ir até a casa para fazer pesquisas. A dra. Joyce Reardon (Nancy Travis) convida um grupo com habilidades especiais sensitivas para realizar um estudo no local. Apoiada pelo único descendente da família Rimbauer, 

O grupo reunido conta com os seguintes membros: Emery Waterman (Matt Ross), um vidente com retrocognição que consegue ver espíritos; Nick Hardaway (Julian Sands), um telepata poderosíssimo; Pam Asbury (Emily Deschanel), que tem habilidades psicométricas e, quando toca em algo, consegue sentir as vibrações e estados pelos quais o objeto ou pessoa passou; Cathy Kramer (Judith Ivey), que tem habilidades de psicografia; e Victor Kandinsky (Kevin Tighe), que tem precognição. E o maior interesse de Joyce:  Annie Wheaton (Kimberly J. Brown), uma adolescente muito poderosa.

E, é claro, a gente sabe onde isso vai dar. A gente conhece essas histórias, e apesar da particularidade dessa daqui, o final não é tão diferente do que a gente tá acostumado.

Assim como uma grande parte das obras do King, esse filme aqui tem seus problemas, é claro. Um deles é que King gosta muito de usar um tropo que já deveria ter caído em desuso há muitos anos, que é o de colocar uma pessoa portadora de alguma necessidade especial ou deficiência com superpoderes, que vai salvar o dia (e muitas vezes essa pessoa acaba servindo quase como sacrifício). 

Mas fora isso, Rose Red é interessante pelos elementos de histórias de casas assombradas que ele reúne. É um grande amálgama de casas assombradas, e a gente consegue reconhecer várias características de outras histórias. Rose Red não contou com o investimento que poderia fazer dela uma grande história, e tenho certeza que se tivesse sido lançada como livro seria um dos melhores do King. Infelizmente o começo dos anos 2000 foi um período difícil para o terror, e acho que Rose Red não teve a atenção necessária — nem da produção, nem do público.

Sim, são quatro horas de filme, que nem a versão de A Dança da Morte do Mick Garris dos anos 1990 (que são seis horas). Eu definitivamente sou contra essa quantidade de horas, mas fiquei tão entretida com a história que acabei não percebendo.

Rose Red é uma opção interessante se você gosta de Os 13 Fantasmas dos anos 2000. Julian Sands está ótimo, como sempre, e o filme tem seus méritos, apesar de tudo. 


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