Ok, eu já vou começar esse texto, que será breve, avisando que 1) será breve; 2) que é um filme controverso. É um filme bom? Não sei dizer. É um filme ruim? Também não sei dizer. (Vão com Deus.) Ele me provoca sentimentos. Enquanto de cara não há nada de novo ou atrativo nele, ainda assim há algo. Tem um tempero. Tem coisas que chamam a atenção. Há algo de curioso nele.
A agente do FBI Daria Francis (Amanda Schull) é enviada a um pequeno e remoto vilarejo para auxiliar a polícia local em um desaparecimento pra lá de suspeito: uma mãe e seu filho sumiram. Seu parceiro para o caso é o policial Colt (Shawn Ashmore), que irá guiá-la pelo lugar e a apresentará aos envolvidos. O maior suspeito é o marido da vítima e pai da criança, Jackson Pritchard (Milo Ventimiglia), um fanático religioso esquisitão e isolado. Chegando até a casa de Jackson para investigar, eles descobrem que há algo muito mais esquisito do que um simples desaparecimento. Jackson acredita estar se comunicando com anjos, e eles levaram sua esposa e filho. Então, ele capturou um deles para fazer a troca. E se tudo isso parece absurdo, então o que está sendo mantido preso no portão da casa dos Pritchard?
Os Portões do Inferno, de 2017, é um filme dirigido por Clay Staub. O que o Clay Staub fez? Como diretor principal, só Os Portões do Inferno. Como assistente e diretor de segunda unidade, ele era basicamente o braço direito do Zack Snyder. Ele fez Madrugada dos Mortos (2004), 300 (2006), A Coisa (2011) — que não é do Snyder, olha só! —, e aí ele se envolveu com a Zack Snyderização da DC, sendo diretor de segunda unidade de Liga da Justiça (2017) e Liga da Justiça de Zack Snyder (2021) — além de segundo diretor não creditado em Batman v Superman (2016).
Então, sejamos sinceros, não é muita coisa. Tirando Madrugada dos Mortos, (e, tá, A Coisa), ele não tinha muita bagagem no terror. Mas isso dificilmente algum dia já impediu alguém.
O filme é até bastante decente. A criatura do filme é interessante. Parece, sim, o filho crescido do Henry Spencer de Eraserhead, mas tem um visual bacana ao que se propõe. Mas acho que tanto contato com o Zack Snyder pesou na mão do nosso amigo Clay. É visível a influência, a fotografia escura, a falta de cor, tudo opaco, tudo triste. Até certo ponto combina com a ambientação da coisa toda, com o sentimento de desespero e com a maluquice, mas dava pra ser melhor. Acho que foi uma das coisas que mais me incomodou.
Tem uma pegada incrível de Eram os Deuses Astronautas (pro lado ruim da coisa, se é que essa doideira tem algum lado bom) e tem umas ideias que seriam muito interessantes, talvez, se o filme tivesse sido levado mais a sério pela produção, talvez um pulso mais firme. Os atores e, tenho certeza, o diretor, estavam empenhados na ideia. Mas faltou algo ali, faltou uma direção pro diretor, uma polida no roteiro, uma mão amiga pra dizer “camarada, venha aqui, vamos arrumar isso juntos”.
No final, eu não tenho um veredito pra ele, mas acho que dá pra perder uma horinha e meia assistindo a esse filme sim. Nem que seja somente pra ver o Milo Ventimiglia em um filme de terror, ou pra ver a criatura esquisita.
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