Recentemente pude acompanhar uma mostra do Walter Hugo Khouri na Cinemateca aqui de São Paulo. Ele talvez seja meu diretor brasileiro preferido, e infelizmente seu nome ficou marcado pelo filme Amor Estranho Amor, aquele polêmico com a Xuxa (rápido parênteses para dizer que sem as tais cenas, o filme é realmente bom!). Entre seus longas restaurados, pude rever Estranho Encontro, de 1958.
Enquanto assistia, determinada cena me fez pensar que era perfeita de um filme de terror. Num primeiro momento, Estranho Encontro pode ser classificado como um belo noir tropical, mas fazendo minhas pesquisas, descobri que ele está em várias listas de terror nacional. Por isso, decidi começar a minha parte do nosso especial Brasil com ele.
O filme começa numa estrada. Marcos está indo a uma propriedade isolada quando se depara com Julia, uma mulher atordoada no meio da rua. Sem saber direito o que fazer, ele a socorre e decide levá-la com ele. Chegando no local, encontramos Rui, o caseiro, que não parece gostar muito de Marcos. Ele não pode deixar que o caseiro veja Julia e a esconde no quarto.
Aos poucos vamos sabendo mais dos dois personagens. A propriedade é de Wanda, a sugar mommy de Marcos, que em breve estará presente na casa também. Julia aos poucos começa a contar sua história para o homem. Ela está fugindo de Hugo, seu marido que a tratava de forma horrível. Num longo flashback descobrimos como eles se conheceram.
As coisas se desenrolam de tal forma que Julia fica mais tempo do que o previsto na casa. Wanda chega antes do combinado. O marido de Julia coloca um anúncio no jornal sobre o desaparecimento dela. Rui não gosta de Marcos, desconfia de que tem algo acontecendo e vai investigar. O caos completo.
Não sabemos se a história que Julia contou é real. Wanda começa a desconfiar do comportamento de Marcos e Marcos não consegue esconder por muito tempo o segredo. Todos os pontos perfeitos para um bom filme noir.
Há uma cena numa cabana que me lembrou muito as cenas finais de Rebecca, de Alfred Hitchcock. Khouri conseguiu criar uma cena perfeita de filme de terror. Há o gato preto, o vento, as sombras, a tensão. Acho que só por essa cena esse filme merece estar no 365. E os filmes de Khouri merecem um maior reconhecimento, pois são todos ótimos.
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