#15 A Mansão da Caveira (1974)



Contar histórias negras com pessoas negras, foi a principal demanda e motivo para o Blaxploitation existir, no entanto, esse protagonismo nem sempre se alongava ao detrás das câmeras, como é o caso aqui de A Mansão da Caveira dirigido por Ron Honthanter. Tudo se passa numa mansão que foi construída no topo de uma montanha com formato de caveira, daí, pode-se esperar de tudo. Pauline Christophe (Mary J. Todd McKenzie), a única herdeira da casa, em seu leito de morte pede ao padre que entregue uma carta a cada um de seus bisnetos, os quais nunca chegou a conhecer, para que eles compareçam à casa para ouvir seu testamento. A charmosa Lorena (Janee Michelle), o babaca Phillippe (Mike Evans), a respeitada e assustada Harriet Johnson (Xernona Clayton) e o branco salvador Dr. Andrew Cunningham (Victor French), todos irão passar uma semana na casa e a razão disso pouco importa para a trama, só queremos respostas para a pergunta do pôster: “Quem dos cinco sobreviverá?”. 



Uma semana será tempo suficiente para eles ficarem sabendo que sua família descende diretamente do rei Henrique I do Haiti, o mesmo que liderou uma revolução para libertar a ilha dos franceses e invocou o espirito Vodu Dambala. Claro que o vodu, tambores, misticismos, danças sensuais e mortes misteriosas cercadas de símbolos não poderiam ficar de fora dessa trama que tinha tudo para ser um promissor horror gótico negro de fantasmas e vingança. Além dos bisnetos da velha Pauline, fazem parte da trama e terão papel importante no desenrolar, o mordomo Thomas (Jean Durand) e sua companheira e empregada da casa Louette (Ella Woods) que parece não concordarem com a decisão da velha e armam uma vingança contra os hospedes. Thomas acaba invocando o espirito do Dambala e faz com que cada um dos Christophe vão morrendo. Mas Thomas tem sua favorita e não cumpre o plano como combinado, isso ainda vai dar mer**. Nesse interim, o filme tenta nos empurrar um proto romance entre os primos Lorena e Cunningham com direito a comprinhas e passeios regados a boas risadas e trilha especial de um romântico sax. Cunningham, que, de uma hora pra outra, ganha o total protagonismo na trama, quer se achar e entender seu papel naquela família preta, enquanto isso, nós espectadores, queremos saber e entender o porquê daquele branco estar ali e infelizmente o filme terminará sem nos dar uma resposta.

 


Entre sustos ineficientes, aparições de cobras e caveiras sem rostos, A Mansão da Caveira ainda assim termina com saldo positivo, já que a locação e o elenco são bem eficientes. Sem contar que a abertura dos créditos iniciais mais o pôster, são um dos mais bonitos que já vi na vida. O filme ainda conta com a ilustre presença da líder e ativista dos direitos civis Xernona Clayton, que chegou a trabalhar diretamente com o Dr. Martin Luther King e mais tarde, já trabalhando para a televisão, se tornou a primeira afro-americana do sul dos Estados Unidos a sediar um talk show diário no horário nobre.



Em suma, eu digo, é um filme que tenta abraçar e abordar várias coisas, mas acaba deixando tudo mal desenvolvido e mal explicado, ainda assim, um filme que vale a pena ser visto. No final, você ainda será agraciado com a encenação de uma cerimônia vodu realmente bonita, longa e tensa, o que acaba deixando a entender aqui que a grande ameaça e vilania, pertencem ao negro, mas não ao negro estadunidense racional e sim ao outro negro perigoso que ainda carrega sua primitiva cultura irracional, ameaçadora e mortal. Tá disponível da Darkflix.



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