#20 Ação Mutante (1993)

 


Há alguns meses fiz uma maratona com filmes de Álex de la Iglesia que consegui achar e outros como Perdita Durango (1997) e Ação Mutante, que me foram super recomendados, não consegui encontrar cópia boa com legenda. Foi uma saga achar Ação Mutante e tive que apelar até para o Twitter. Felizmente consegui, porém a cópia em AVI não espelhava na TV me restando ver no celular ou no notebook, coisa que tenho pavor, mas era o jeito ou nada teria adiantado os esforços. Enfim, resolvi sentar a bunda no escritório e dei o play. Eita filme doido! Não podia esperar menos de La Iglesia. Acelerado, sujo, ácido, politicamente incorreto, bizarro, escuro e divertido. O bacana dos filmes dele, é que independentemente da classificação que derem, você encontra vários gêneros e estilos dentro de um filme só, como é o caso desse aqui. Ficção cientifica, comédia, drama, fantasia, horror e até romance. Ok, que é um romance a lá Iglesia, mas ainda sim um romance.

 



Tudo se passa num mundo pós apocalíptico, precisamente em 2012, governado apenas por pessoas bonitas. Um grupo terrorista composto de pessoas com deficiência e limitações que se acham mutantes, planeja livrar o planeta dessa beleza superficial, eles pegam em armas, assassinam seus opressores, sequestram e até destroem um banco de esperma supostamente cheio de DNA de pessoas bonitas. O grupo é formado por, atentem aos nomes e às descrições: Alex (Alex Ângulo) e Juan Abadir (Juan Vladas) são siameses de nascimento; Cesar Ravenstein (Saturnino Garcia), conhecido como Quimicefa e famoso no mundo do crime por levar permanentemente 5kg de explosivos no peito; Jose Oscar Tellería (Karra Elejalde), conhecido como Manitas e mecânico do grupo, foi detido mais de 50 vezes; Amancio Gonzales (Alfonso Martinez) é surdo-mudo de nascença, com um dos intelectos mais baixos do mundo e dotado de força extraordinária; Jose Montero, o Chepa, anão corcunda, judeu, maçom, comunista e presumivelmente homossexual; e, ainda tem o líder e cérebro do grupo Ramón Yarritu (Antonio Resines), que saiu da prisão recentemente após cumprir pena de 5 anos. 



Essa é a formação do grupo Ação Mutante que, segundo a reportagem, vem atuando já há dez anos e planeja agora seu último e fatal golpe antes da aposentadoria, sequestrar durante seu casamento Patricia Orujo (Frédérique Feder), a única filha e herdeira do empresário bilionário Lord Orujo (Fernando Guillén). Como estamos num filme com selo Alex de la Iglesia de qualidade, claro que a coisa não sai como o esperado e o plano se transforma numa imensa tragedia de erros, sangue e massacre com dois integrantes do grupo mortos e agora eles querem o resgate da moça. Ninguém confia em ninguém e isso se agrava quando sai na televisão que o valor pedido pelo líder foi de 100 milhões, mas ele contou aos companheiros que só tinha pedido 10 milhões. Ui!

 


Ação Mutante é surpreendente em sua narrativa, mas em termos de desenvolvimento de personagens, fica muito a desejar. Não que isso tenha sido um empecilho para me fazer gostar e fluir na história, só que pode ter pessoas que sintam dificuldade em se conectar com o filme, principalmente se não for familiarizado com a narrativa caótica e verborrágica de la Iglesia. Em se tratando de referências, às vezes parece que a gente está dentro de uma mistureba de outros filmes como Robocop, Alien e O Vingador do Futuro. A granulação da imagem e um certo baixo orçamento com boas ideias, me remeteu demais também ao Evil Dead. E, claro, não podemos deixar de mencionar dois grandes nomes do cinema espanhol estão envolvidos na produção deste filme: Agustin e Pedro Almodóvar. Será mais um filme que não sairá tão cedo das minhas listas de recomendações e se ainda não viu, veja.






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