Sou uma grande fã de góticos. Apesar de perder um pouco a paciência quando estou lendo livros do gênero — porque o gótico tradicional tem essa coisa de enrolar a gente e jogar tanta desgraça na nossa cara que às vezes você fica até meio perdido — eu me considero uma grande fã. E, talvez, um dos meus filmes favoritos que podem ser considerados góticos não é nem estadunidense, nem inglês, nem sequer de qualquer um dos países falantes da língua anglófona.
Meu filme favorito gótico provavelmente é Hasta el Viento Tiene Miedo, de Carlos Enrique Taboada, de 1968, uma produção mexicana.
A sinopse do filme é muito simples: um grupo de garotas, que estudam em um internato, são obrigadas a passar parte de suas férias de verão no local por punição depois de terem aprontado uma. Só que as garotas não fazem ideia que o local é assombrado pelo espírito de uma jovem que morreu anos atrás. E pior: uma das garotas acaba possuidíssima pelo espírito da defunta.
Acontece que esse internato guarda terríveis recordações. Uma antiga aluna cometeu suicídio quando, anos atrás, a diretora lhe deu o mesmo castigo que deu ao grupo de garotas. A antiga aluna implorou que a diretora fosse piedosa com ela, para que ela pudesse visitar a mãe doente, mas quando a mulher negou e a mãe da jovem morreu, ela decidiu deixar esse mundo.
Hasta el Viento Tiene Miedo, além de ter um dos melhores títulos de filmes de terror da história do cinema, também tem uma ambientação sinistra e um roteiro goticão daqueles cheio de mistérios, segredos, vingança, fantasmas, mortes, treta, violência psicológica, uma pobre donzela que sofreu uma grande injustiça, e mais treta.
Não somente tudo isso, mas o Carlos Enrique Taboada também é uma baita figura do cinema de língua espanhola. Foi roteirista e diretor mexicano, filho de dois atores bastante conhecidos do país, Julio Taboada e Aurora Walker, Taboada se tornou um dos maiores nomes quando pensamos no terror mexicano. Também dirigiu Más negro que la noche, Veneno para las hadas e El Libro de piedra. Ainda hoje seu nome é mencionado como uma das referências de novos cineastas (e escritores) do gênero na América Latina.
O filme ganhou um remake em 2007, dirigido por Gustavo Moheno, mas ainda não conferi. Entretanto, o original, eu recomendo de olhos fechados.
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