Eu costumo gostar muito de franquias, mas tinha bastante medo de ver a continuação de Psicose, um dos filmes mais perfeitos da história. Ano passado coloquei Psicose II e me vi surpresa, quase achando melhor que o original. Esse aqui foi lançado 22 anos depois do longa de Alfred Hitchcock e marca o retorno de Norman Bates. Depois de passar mais de 20 anos preso ele é posto em liberdade, e tem a ajuda de um psiquiatra para se reintegrar à sociedade.
Ele consegue um emprego numa lanchonete perto de sua casa, e tenta recomeçar. Só que Lila, irmã da Marion (da famosa cena do chuveiro), não está nada feliz com a decisão da justiça. Além dela, algumas pessoas da cidade, bem como o novo gerente do motel, fazem questão de lembrar Norman de que ele não terá uma segunda chance.
Nesse clima hostil, Bates acaba se aproximando de uma colega de trabalho, Mary, que precisa de uma casa depois de terminar com seu namorado. Norman a acolhe e eles se tornam amigos. Apesar de saber de todas as coisas pelas quais ele passou, ela vê que ele é uma nova pessoa e se afeiçoa a ele. Chega até mesmo a protegê-lo de ataques.
Aqui acho melhor não contar mais. Há uma grande reviravolta que me fez amar esse filme. Nós temos esse costume de nos afeiçoarmos a vilões, mesmo sabendo da problemática toda. Norman passou o inferno com sua família, surtou e cometeu diversos crimes, e não se lembrava de nada depois. Aqui ficamos com pena dele. Ele está se esforçando para ser uma pessoa melhor e os outros não deixam. Ele pagou sua dívida com a sociedade e só queria uma nova vida, que lhe foi negada. Todos os traumas foram revividos e ele perdeu a noção da realidade mais uma vez.
Li em algum lugar que este filme é um "slasher psicológico" e acho uma boa definição. Norman passa 20 anos afastado da sociedade, seu psiquiatra confia que ele esteja pronto para voltar ao mundo, mas algumas pessoas decidem não deixá-lo em paz. Tenho pensado um pouco no contexto político aqui do Brasil (o tempo todo, na verdade). Uma pessoa saiu do lado da extrema-direita e passou a apoiar o presidente eleito. Ela é desrespeitada e ainda apontam seus erros do passado.
Quando uma pessoa pode ser perdoada? Seja por uma mudança política ou por crimes cometidos quando ela estava em estado de surto? O primeiro Psicose mostra a relação abusiva de Norman com a mãe (lembro que isso foi explorado na série também), aqui sabemos de mais detalhes. Até que tudo toma um rumo inesperado.
Após o sucesso de Halloween, Jamie Lee Curtis foi cogitada para o papel de Mary em Psicose II. Sua mãe, Janet Leigh havia feito muito sucesso no primeiro filme. Ela não aceitou porque não queria que sua carreira se resumisse ao terror. Ela declinou o convite para atuar na comédia Trocando as bolas. Para a felicidade de todos os fãs de terror, ela voltou com Halloween.
Robert Bloch, autor do livro que inspirou o filme de Hitchcock, escreveu uma segunda parte da história, mas nada dela está no filme. O roteirista Tom Holland criou algo totalmente novo. Falando em livro, logo no começo do filme Mary aparece lendo In The Belly of The Beast, que é uma reunião de cartas de Jack Henry Abbott para Norman Mailer. Abbott estava preso na ocasião dessa correspondência. Gosto muito desses pequenos detalhes.
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