Direção: Adam Wingarde
Reuniões de família,
todos já participamos de uma, inclusive de famílias que não são as nossas e lá,
sentados, degustando comidas feitas com capricho enquanto bebemos alguma coisa,
testemunhamos casos banais, tediosos e outros até inesquecíveis, porque
parentes são bananas de dinamite com pavio aceso que um dia encontrarão a pólvora
com resultados indeterminados.

Note que a simples menção
de uma reunião desse tipo muitas vezes já nos deixa desconfortáveis e nem é porque
não gostemos dos que estarão presentes, às vezes é para não termos que
testemunhar farta hipocrisia ou nos tornarmos parte da mesma por nos calarmos.
Tem encontros em que infidelidades são expostas e em outras, juras de amor
eterno são reforçadas ao mesmo tempo em que alguém bem pode estar a planejar uma
rota de fuga após um assassinato, enquanto entre goles e garfadas alguém jura
para si mesmo nunca mais colocar os pés ali, enfim, reuniões de família são um manancial
de drama, seja fino, brega, bem-humorado ou sangrento, o drama sempre estará lá
e não é sem um tantinho de drama noveleiro que se inicia “Você é o Próximo”,
filme dirigido por Adam Wingard, cineasta oriundo do mumblecore,
movimento cinematográfico que aconteceu no início dos anos 2000 nos EUA e abriu
espaço para vários realizadores e realizadoras, Wingard, que anos depois dirigiria
Godzilla vs Kong, um filme tão divertido quanto este aqui, onde uma família
abastada planeja um fim de semana juntos e nele, além de matar as saudades uns
dos outros, alguns filhos apresentariam seus novos pares a seus pais. Tudo começa às mil
maravilhas, inclusive com as turras que só acontecem nessas horas e que, por
mais desagradáveis que sejam, raramente chegam às raias do trágico, mas, este é
um filme de terror e tão rápido quanto digito isso aqui, a cabeça de um dos
convidados (Ti West, diretor de “X” e “Pearl”) é atravessada por uma flecha, deixando
todos e todas em pânico. Eles não sabem, mas,
assassinos rondam a casa já há algum tempo e metódicos, começam a mata-los um a
um, eles só não esperavam que uma das convidadas tivesse sido criada pelo pai
paranoico para sobreviver num mundo pós-apocalipse(!!!), transformando a vida
dos agressores num inferno, ao mesmo tempo em que estes não se intimidam e
continuam a misturar vários tipos sanguíneos nos assoalhos, janelas e paredes
do lugar, num filme de tensão crescente e constante que se utiliza do exagero e
do humor para nos poupar da plausibilidade do que estamos vendo, afinal, invasões
de domicílio são reais e várias delas tem finais bem tristes.
Ponto também para a construção
dos personagens, totalmente fora da curva dos Slashers, onde ao invés de termos
estudantes com pouca grana acampando à beira de um lago tomando vinho barato e
fumando maconha ruim, temos uma mansão habitada por milionários que recebem a
visita de seus filhos mimados e que antes de começarem a morrer mortes
horríveis, demonstram deplorável comportamento, seja através de agressão ou conformismo,
inveja ou desprezo e às vezes demonstram até amor enquanto correm para salvar
as próprias vidas.
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