#45 Você é o Próximo (2011)

 

Direção: Adam Wingarde

Reuniões de família, todos já participamos de uma, inclusive de famílias que não são as nossas e lá, sentados, degustando comidas feitas com capricho enquanto bebemos alguma coisa, testemunhamos casos banais, tediosos e outros até inesquecíveis, porque parentes são bananas de dinamite com pavio aceso que um dia encontrarão a pólvora com resultados indeterminados.


Note que a simples menção de uma reunião desse tipo muitas vezes já nos deixa desconfortáveis e nem é porque não gostemos dos que estarão presentes, às vezes é para não termos que testemunhar farta hipocrisia ou nos tornarmos parte da mesma por nos calarmos. Tem encontros em que infidelidades são expostas e em outras, juras de amor eterno são reforçadas ao mesmo tempo em que alguém bem pode estar a planejar uma rota de fuga após um assassinato, enquanto entre goles e garfadas alguém jura para si mesmo nunca mais colocar os pés ali, enfim, reuniões de família são um manancial de drama, seja fino, brega, bem-humorado ou sangrento, o drama sempre estará lá e não é sem um tantinho de drama noveleiro que se inicia “Você é o Próximo”, filme dirigido por Adam Wingard, cineasta oriundo do mumblecore, movimento cinematográfico que aconteceu no início dos anos 2000 nos EUA e abriu espaço para vários realizadores e realizadoras, Wingard, que anos depois dirigiria Godzilla vs Kong, um filme tão divertido quanto este aqui, onde uma família abastada planeja um fim de semana juntos e nele, além de matar as saudades uns dos outros, alguns filhos apresentariam seus novos pares a seus pais. Tudo começa às mil maravilhas, inclusive com as turras que só acontecem nessas horas e que, por mais desagradáveis que sejam, raramente chegam às raias do trágico, mas, este é um filme de terror e tão rápido quanto digito isso aqui, a cabeça de um dos convidados (Ti West, diretor de “X” e “Pearl”) é atravessada por uma flecha, deixando todos e todas em pânico. Eles não sabem, mas, assassinos rondam a casa já há algum tempo e metódicos, começam a mata-los um a um, eles só não esperavam que uma das convidadas tivesse sido criada pelo pai paranoico para sobreviver num mundo pós-apocalipse(!!!), transformando a vida dos agressores num inferno, ao mesmo tempo em que estes não se intimidam e continuam a misturar vários tipos sanguíneos nos assoalhos, janelas e paredes do lugar, num filme de tensão crescente e constante que se utiliza do exagero e do humor para nos poupar da plausibilidade do que estamos vendo, afinal, invasões de domicílio são reais e várias delas tem finais bem tristes.


Ponto também para a construção dos personagens, totalmente fora da curva dos Slashers, onde ao invés de termos estudantes com pouca grana acampando à beira de um lago tomando vinho barato e fumando maconha ruim, temos uma mansão habitada por milionários que recebem a visita de seus filhos mimados e que antes de começarem a morrer mortes horríveis, demonstram deplorável comportamento, seja através de agressão ou conformismo, inveja ou desprezo e às vezes demonstram até amor enquanto correm para salvar as próprias vidas.  



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