#59 The Children (2008)

Direção: Tom Shankland

Se tem uma coisa que eu definitivamente amo no horror é a capacidade dele desgraçar o que quer que seja, de nascimentos à festas de aniversários, de batismos a enterros, tudo pode piorar e muito na mão desse gênero e quando tem crianças no meio, então... Filmes assim nos deixam com nó na garganta ainda enquanto lemos o enredo, afinal, a pessoa tem que ter um seixo no lugar do coração pra não se condoer com uma criança que tem o corpo possuído por um demônio ancestral como em O Exorcista (1973), por exemplo, entre outros. Sim, existem crianças chatas, pequenos seres insuportáveis que torram a paciência até dos mortos, mas, não é por isso que elas mereçam morrer, talvez seus pais e mães, por terem sido tão relapsos, já elas, raramente. A menos é claro, que elas comecem a agir de maneira agressiva durante as festas de fim de ano numa casa isolada no meio da neve, onde duas famílias economicamente distintas unidas pelos laços da amizade, se reúnem para comemorar o réveillon.

Tudo nos conformes, casa bonita, mesa farta, tudo lindo ao redor, personagens críveis com dramas realistas e óbvio, o batidíssimo clichê da adolescente problemática, afinal, alguém tem que parecer mais complicado do que os problemas que se avizinham, problemas que consistem no comportamento das crianças presentes, que, por aparente influência de um vírus, começam a praticar atos de violência contra os adultos que as cercam, os seus pais, que independente de seus comportamentos aberrantes, se veem acossados por uma força que não entendem e contra a qual não conseguem reagir, pois enxergam apenas suas doces crianças, não importando que a cada minuto elas apareçam mais sujas de sangue, comecem a sofrer nas mãos delas.

Nós, espectadores e espectadoras, de fora que estamos, automaticamente maquinamos “n” saídas para as situações que testemunhamos, já os pais e as mães, não. E esta, além de tensão, história e personagens bem construídos, é a grande sacada deste e de outros filmes com temas similares: você mataria crianças para sobreviver? Matarias teus filhos e filhas ou os de pessoas amigas para continuares a respirar? Ou fingirias que aquilo é apenas uma fase e fugirias em desabalada carreira em direção a um inferno de neve? Tá aqui pra você um filme que, além de eficiente, vai te fazer pensar seriamente sobre essas coisas.



Comentários