#60 Into the Dark: New Year, New You (2019)

Antes de existir Sissy, houve New Year, New You — que saiu também por aí como Réveillon Macabro. O filme fez parte da série de longas do canal Hulu, Into the Dark, que, a cada mês, apresentava uma produção inspirada em um feriado ou comemoração daquele mês.

Eu tentei acompanhar os filmes de Into the Dark, mas assim como boa parte de qualquer série que eu tento acompanhar, eu falhei — sim, mesmo que a série seja uma série com um episódio mensal. Falhei mesmo. Mas cheguei a assistir New Year, New You. Na época lembro de não ter gostado muito, mas nessa segunda vez eu acho que gostei um pouco mais.

Então, nesse espírito de final de ano e com o nosso especial de ano novo, vou falar um pouquinho sobre o filme. 

New Year, New You, dirigido por Sophia Takal, acompanha um grupo de amigas que se reúnem para passar o ano novo juntas. E tudo bem, isso poderia ser um episódio de romcom, poderia ser uma comédia romântica, poderia ser até um drama ou uma biografia, mas quando as acusações e até os assassinatos começam a acontecer, aí a coisa fica feia.

Alexis (Suki Waterhouse), Kayla (Kirby Howell-Baptiste), Chloe (Melissa Bergland) e Danielle (Carly Chaikin) eram amigas desde o ensino médio. Mas, de início, a única coisa que sabemos é que Danielle se tornou uma estrela da internet e se afastou das amigas, que seguem com a amizade até então. 

Então, nessa festa de ano novo, na virada de 2018 para 2019, elas resolvem reunir o grupo novamente. O que a gente sabe, até aqui, é que elas queriam se reunir novamente.

Mas é claro que não é só isso. Ao longo dessa primeira parte do filme, a gente percebe uma tensão crescente no grupo. Toda vez que Danielle fala alguma coisa, sabemos que há um ressentimento ali, há algo escondido e emaranhado entre essas “amigas”. E logo é Alexis quem explode e joga na cara da audiência alguns pedaços dessa rusga que elas tiveram no passado.

Aparentemente, Danielle era uma Regina George no colégio. Maltratava Chloe por ser gorda e Kayla por ser lésbica. Até que um dia, com um bullying, levou uma garota que queria pertencer ao grupo ao suicídio.  

Uma merda, né? Pois é. O plano de Alexis era fazer com que Danielle assumisse essa cretinice que ela escondia tão fundo dentro de si e expor isso aos seus seguidores. Mas as coisas não saem como Alex pretendia e tudo sai do controle.

Eu sinceramente não gostava desse filme. Na época fiquei pensando “caraca, mais um filme de rivalidade feminina, af”. Mas, afinal de contas, a questão do filme é muito mais delicada do que isso. Estamos falando de uma pessoa manipuladora, que usou os maiores defeitos de suas amigas para ter controle sobre elas — e outra que, ao perceber que queria vingança, fez algo não muito diferente do que ela. Para mim, no fundo, Danielle e Alexis são mais parecidas do que elas gostariam (mas não vou entrar muito a fundo nisso, né, porque seria spoiler).

As semelhanças com Sissy não passam despercebidas. Sissy, que foi um dos grandes sucessos do cinema não mainstream deste ano, guarda bastante situações que nos lembram de New Year, New You. E eu não estou dizendo que houve cópia, que um é melhor que o outro, que qualquer coisa disso. Mas é interessante essa onda de filmes com influenciadores fazendo & se metendo em cagada™ — como Spree, Cam ou Deadstream —, e é curioso ver que essa ideia não começou agora. Ela já vem sendo pensada há um tempo. Antes de New Year, New You, com certeza houveram outros.

Sophia Takal é uma diretora muito competente. E apesar de todo mundo descer o cacete no remake que ela fez Natal Sangrento (o Black Christmas de 2019) eu tenho meus comentários positivos sobre o filme (eu sempre tenho comentários positivos sobre filmes), e gosto muito do outro dela, o Always Shine. Espero que ela ainda tenha muitos projetos, porque acho que ela pode nos trazer umas histórias bem legais.

Então, se você está procurando um filme para ver no ano novo, considere New Year, New You. Vá com o coração aberto. 




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