Antes de dissertar sobre o filme de hoje, gostaria de compartilhar um pensamento que tive quando decidimos fazer resenhas com filmes de natal e de ano novo. A gama de filmes de horror natalinos ofertados é enorme, quase não encontrei dificuldade sobre qual falar aqui no blog, já de ano novo, penei. Dois filmes que escolhi a principio não encontrei com facilidade até que aos 40 do segundo tempo, lembrei desse polonês que é bem recente e está disponível na Netflix. Lembro que na época rolou um certo rebuliço, mas nada além da bolha dos fãs do horror e ficou nisso, não foi um filme que ficou sendo falado ou lembrado e reassistindo pra escrever hoje, não sei porque, pois é um filme ótimo, a meu ver.
É primeiro de janeiro, dois detetives entram numa casa e dão de cara com um verdadeiro massacre acontecido na noite de ano novo durante uma festa. A única sobrevivente, aparece sendo socorrida, porém bem machucada, mas ainda em condições de balbuciar: “Todos os Meus Amigos Estão Mortos”. O que aconteceu e o que gerou o gatilho para toda aquela matança e caos? É aí que reside a graça e o mérito do filme escrito e dirigido por Jan Belcl, uma comedia ácida de horror com produção da Netflix e que usa e abusa de vários tropos já conhecidos dos filmes de terror.
Réveillon é a época que quase todo mundo quer aloprar, descarregar tudo que viveu e passou durante o ano, alguns gostam de passar sozinho, numa vibe mais reflexiva, já outros querem estar com o maior numero de gente possível, embriagado ou drogado ou os dois. É quando voltamos para a noite do dia 31 de dezembro, na festa de Marek (Kamil Piotrowski), enquanto seus pais viajam, a casa fica só para ele, para alguns convidados e convidados de alguns convidados. Uns jovens, outros nem tão jovens. Marek apresenta alguns e logo de cara já estamos familiarizados com a personalidade deles, os principais da trama. Anastazja (Julia Wieniawa-Narkiewicz), a única sobrevivente, é aquela da festa que gosta de astrologia, horóscopo e curte realidades alternativas e paralelas, tem um relacionamento não muito saudável com o aspirante a rapper e macho escroto, Jordan (Adam Turczyk). Tudo que acontece, aconteceu ou vai acontecer estava escrito, segundo a jovem Anastazja. É conhecendo os personagens, suas histórias, segredos, angustias, gatilhos, desejos, inseguranças que é construído todo o background e a preparação para o ato sangrento final e entender o que de fato aconteceu. Sabe o filme Fargo? Uma sucessão de erros acompanhados de vários “ses” e “porquês”, pronto, aqui é quase isso.
É interessante ver na festa a presença de personagens com personalidades bem distintas e seus conflitos. Há até uma discussão sobre relacionamentos entre homens mais novos e mulheres mais velhas, o estereótipo do jovem atleta famoso e gostosão, jovens fracassados que não pegam mulher nenhuma e no meio disso tudo, um entregador de pizza nerd que cai de paraquedas, coitado, nessa festa. A forma que o diretor filma também deixa tudo muito fluido, é como se ele passeasse por todos os mundos particulares dos convidados e fosse te envolvendo até o ato fatídico. Não é um filme que tenta inventar o gênero ou trazer algo notável, mas diverte e você não sai dos 90 minutos com a sensação de que perdeu tempo, me diverti agora igual quando vi em 2020, e os “ses”, que a gente se pergunta o filme todo, ainda vai te revelar uma surpresa no finalzinho.
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