Direção e roteiro: Jeremy Dyson e Andy Nyman
ING - 2017, Cor, 98 minutos
Elenco: Andy Nyman, Paul Whitehouse, Alex Lawter e Martin Freeman, entre outros e outras.
Enquanto existem aqueles e aquelas que acreditam na vida após a morte, há aqueles e aquelas que não, enquanto outros e outras vão mais além e procuram desmascarar farsantes que se aproveitam da dor alheia para lucrar. Phillip Goodman (Andy Nyman também diretor e roteirista do filme) é um deles e aprendemos que um dos motivos dele seguir esta trilha são as próprias dores, dores causadas por desavenças familiares acontecidas há muito tempo. Apresentador de um programa de tv de cunho paranormal, seu mote é "Precisamos ter muito cuidado com aquilo que acreditamos" e muita gente perdeu a credibilidade por causa de suas investigações, cuja inspiração para esse trabalho veio de Charles Cameron, um outro investigador do sobrenatural cujo desaparecimento há décadas é um dos maiores mistérios da Inglaterra. Um belo dia, porque sempre há um deles ao qual chamamos assim por sincera ironia, Cameron faz contato com ele. Idoso, solitário, doente e em situação de pobreza, o homem confessa que em toda a sua carreira, três casos nunca foram resolvidos e ele desafia Phillip a fazê-lo. Relutante, afinal, incréu nas coisas do espírito, ele segue as pistas dadas pelo antigo ídolo e sai em busca das verdades de cada caso.
Esta antologia de horror é inspirada numa peça de teatro homônima escrita por Dyson e Nyman que já foi vista por mais de quinhentas mil pessoas no mundo inteiro e cuja adaptação para o cinema durou dezoito meses, com os autores, fãs assumidos do horror, testando outras possibilidades para o texto e limando partes que não funcionam na tela grande. Eu (ainda) não vi a peça, mas o que vemos aqui funciona muito bem. No primeiro caso, Phillip entrevista um reacionário (Paul Whitehouse) que culpa o mundo pelos seus problemas familiares, a saber, a morte da esposa com câncer e uma filha em coma que não visita há anos. O homem, que trabalha como vigia noturno, conta-lhe sobre a noite em que viveu uma experiência aparentemente inexplicável. No segundo, um jovem recluso estudioso do oculto (Alex Lawter), conta-lhe da vez em que atropelou o Sem Sombra numa estrada da floresta e o demônio não gostou nadinha da experiência (ninguém gosta, imagina o capeta...). Ancorado em suas certezas, Phillip desdenha do que ouviu, preferindo explicações racionais para o que lhe fora narrado até ali e parte para o terceiro caso, onde o executivo Mike Priddle (Martin Freeman) afirma ter vivido uma experiência paranormal em sua casa.
Este filme pode ser definido com o ditado que diz "O diabo mora nos detalhes", no decorrer da história pistas vão sendo lançadas, pistas que contam uma quarta história, sendo esta definitiva para tudo o que estamos vendo até ali. Histórias de Além-Túmulo é um quebra-cabeças que dá nó no juízo de quem o vê, um nó que se desfaz no final e, principalmente, na revisão, onde percebemos que tudo é explicado durante o filme inteiro, mas, sendo outro o nosso foco, não percebemos, o que transforma a revisão deste filme em algo tão divertido quanto vê-lo pela primeira vez. Se você ainda não viu e ficou interessado, tem disponível no Prime Video.
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