Já se passavam 8 anos sem um novo filme de Godzilla quando um novo projeto entrou em circuito. Era 1983 e muito já havia sido lançado no meio sci-fi mundial, especialmente vindo do mercado estadunidense. Alien, A Coisa e outros filmes foram lançados trazendo uma imagem sombria e muito distante da encontrada nos filmes da década de 60 e 70 de toda a franquia do monstro japonês. Além disso, como aconteceu com A Coisa, remakes se distanciavam do original com esse ar pessimista e obscuro sem problema algum.
O Retorno de Godzilla foi lançado um ano mais tarde, em 84, com um projeto de marketing intenso e diferente do que já se fazia. Apoiando-se nas grandes vendas de produtos do kaiju mundialmente, só poderia ser a hora de sair mais um filme. E o tom já vinha sendo anunciado pelo próprio roteirista, Tomoyuki Tanaka. O Japão era um país vivendo em prosperidade, todos poderiam comprar o que queriam, "(...) mas o que há por trás dessa prosperidade? Nada muito espiritual. Todos estão tão preocupados com o material e então Godzilla surge e destrói tudo. Eu acho que é bom nós assistirmos isso". A Toho chegou a falar que os filmes que se seguiram após o primeiro filme de 54 eram um erro e destruíram o verdadeiro espírito da franquia. Sinistro.
O diretor Koji Hashimoto diz que imagens vívidas da guerra e dos desastres causados são um taboo no cinema. Com o filme de 1954, os japoneses puderam discutir Hiroshima, Nagasaki e outros testes nucleares que até então haviam ocorrido. Godzilla precisava ser revisado para que essa discussão voltasse à tona (lembrando, Guerra Fria) que, de acordo com ele, um ataque desse tamanho poderia facilmente ocorrer novamente.
Basta dizer que com esse retorno e reestruturação, a franquia possui um valor imenso não só culturalmente como também simbólico ainda para o trauma de um povo que teve sua história fragmentada em antes e depois de uma intervenção militar de proporções imensas em seu solo. Sem reduzir tudo o que o próprio governo japonês fez com seus países vizinhos durante a Segunda Guerra, mas o povo precisava ter pagado por isso? Até onde algo pode ser validado? Enfim, pensando pensamentos.
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