#130 Whistle and I'll Come to You (1968)


Whistle and I'll Come to You

1968 – Inglaterra, colorido, 41 minutos

Direção: Jonathan Miller

Roteiro: Jonathan Miller (baseado em conto de M.R. James)

Elenco: Michael Horden, Ambrose Coghill, George Woodbridge, Nora Gordon, Freda Dowie, entre outros e outras.

O Professor Parkin (Michael Horden) é um homem privilegiado. É culto, veste roupas bem cortadas, percebe-se nele alguém que não conheceu a miséria ou outros percalços, é impaciente no trato social, falando apenas quando absolutamente necessário e na maioria das vezes, para si mesmo. Esta singular pessoa decide descansar numa pousada no litoral por alguns dias e durante caminhadas solitárias à beira-mar, usufrui de sua companhia favorita, ele mesmo. O professor não é uma pessoa de todo desagradável, talvez a palavra “excêntrico” lhe defina melhor, na realidade, ele é apenas mais uma dessas pessoas que viveu imersa em livros e acredita ter respostas para tudo. Assim ia a vida do bom homem quando, em um passeio pela praia, ele descobre um antigo cemitério com uma das sepulturas degradada a ponto de os ossos do defunto ali domiciliado rasgarem a terra que um dia lhe cobriu por inteiro. Curioso, o professor remexe a terra, acha um antigo apito junto ao túmulo e o leva consigo. Mais tarde, decifra uma inscrição entalhada no instrumento que diz “Quem é este que está vindo?” e descrente nas coisas do além, o homem sopra o apito e a partir desse momento começa a ser confrontado por forças que não entende ou pode explicar e aquela figura antes tão confiante e segura de si aos poucos se desmonta em incertezas. 

Telefilme com direção segura de Jonathan Miller e interpretação magistral (afirmo isso sem exageros) de Michael Horden, que nos entrega um personagem forte, cheio de manias, de cuja ruína mental não conseguimos tirar os olhos. Exibido originalmente como parte de um programa chamado Omnibus, que trazia essencialmente documentários, “Whistle and I’ll Come” chamou tanto a atenção que a BBC acabou por criar um programa anual chamado A Ghost Story for Christmas, que adaptou este e outros textos de M.R. James (um dos maiores nomes da literatura de horror) além de outros autores. Esta não foi a primeira adaptação do conto para a tv e nem tampouco a última, porém, mais de cinquenta anos após o seu lançamento, é a mais celebrada pelos fãs e pelas fãs de histórias de fantasmas, o que não é de se estranhar, já que foi feito de maneira que as angústias que perseguem o personagem principal acabam por nos contaminar, também. Curto, misterioso e certeiro, “Whistle and I’ll Come” eleva o horror a outras patamares, trabalhando diligentemente discrição, silêncios, sombras e as dores do Professor.



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