#156 The Attic (2007)

Algumas diretoras, depois de fazerem alguns filmes de sucesso, são relegadas a um papel de esquecimento e abandono na indústria de cinema. A gente vê isso menos com homens, mas quando a gente para pra ver a quantidade de mulheres que tiveram uma carreira razoável no passado, e acabaram nunca mais conseguindo espaço com longas metragens, é algo pra ficar curioso.

Mary Harron, depois de Psicopata Americano, dirigiu diversos episódios de séries e alguns filmes com orçamento menor; Rachel Talalay, depois de uma breve carreira no início dos anos 1990, com A Hora do Pesadelo 6: Pesadelo Final, a Morte de Freddy (1991) e Tank Girl (1995), se manteve na ativa, mas nesses últimos 30 anos dirigiu 4 filmes espaçados (todos para TV e streamings), e vários episódios de séries; Karyn Kusama, depois de Boa de Briga (2000), dirigiu filmes espaçados ao longo da carreira, mas também teve mais oportunidade com séries.

Isso se dá porque séries são um melhor meio para desenvolver ideias, tem mais versatilidade, ou por que é onde essas cineastas, enfim, conseguem trabalhar? É uma questão válida a se levantar. É uma escolha, ou elas não têm o financiamento necessário para trabalharem com longas? 

Veja bem, não estou dizendo que todos os filmes dirigidos por mulheres são excelentes. Estou colocando aqui uma questão importante: homens erram a mão em filmes que são fracassos de bilheteria e seguem fazendo filmes; mulheres — assim como pessoas não brancas e LGBTQIA+ também, em sua maioria — recebem uma única chance, e mesmo quando ela é bem realizada, acabam sendo jogadas para escanteio.

Essa breve introdução é só para falar de Mary Lambert. Lambert teve uma carreira interessantíssima como diretora de videoclipes — Janet Jackson, Madonna, The Go-Go’s, Eurythmics, Sting —, até a direção de Cemitério Maldito em 1989. O filme tem seus defeitos, mas é, entre as adaptações do King, um dos favoritos dos fãs. Entre 1989 até 1992, a cineasta continuou com os videoclipes, até dirigidos Cemitério Maldito 2. Ela dirigiu alguns outros filmes para TV e com baixos orçamentos, e só voltou ao horror — e isso entre aspas — em 2001, com Halloweentown 2: A Vingança de Kalabar. Quatro anos depois, ela dirigiu Lenda Urbana 3: A Vingança de Mary. Depois disso, rolaram mais umas coisas, como Mega Python vs. Gatoroid (2011) e, o que nos trouxe até aqui hoje, The Attic, de 2007.

Antes de dizer que esse filme não faz sentido e que a única coisa aproveitável aqui é, de fato, o figurino da Elisabeth Moss, eu gostaria de dizer que eu admiro muito a capacidade dessas diretoras de tentarem. Porque a gente vê que tudo tá contra elas, mas elas estão tentando. 

Agora, sobre The Attic, eu fui muito avisada que esse filme seria uma bomba. E foi mesmo, não decepcionou em nada nesse sentido. Vamo lá: Emma (Elisabeth Moss) retorna para a casa dos seus pais, apesar de ter uma grande aversão pelo local, e se torna super reclusa enquanto mora ali. A família dela também não parece muito contente com a sua presença, exceto pelo seu irmão Frank, que realmente gosta dela.

As coisas ficam ainda piores quando, certo dia, ao subir no sótão, Emma vê algo que a faz cair das escadas. A partir daí, ela passa a ter certeza que está sendo assombrada. Mesmo com todas as tentativas de ajuda, Emma não consegue se livrar dessa sensação. As coisas ficam mais e mais complicadas para todos, e Emma se torna cada vez mais aterrorizada por essa presença.

No meio disso tudo tem um policial galã, um culto satânico (ou de bruxas, ou um culto satânico de bruxas) que ninguém entende muito bem, mortes, e um fantasma caracterizado terrivelmente com uma toalha na cabeça e interpretado pela Alexandra Daddario. Se parece ruim, acredite, é mesmo.

Mas tá, eu pensei, massa, não deve ser tão ruim, deve? Deve. Nesse caso eu sou obrigada a preferir Mega Python vs. Gatoroid, que sim, eu também assisti. Como já disse, eu admiro a Mary Lambert e seu esforço.

Eu recomendo The Attic? Não sei, vão com Deus. Ele tá disponível no Prime Video. Se você gosta de filmes tipo Lifetime da vida, tipo o excelente The Watcher in the Woods dirigido pela Melissa Joan Hart, por exemplo, o clima é exatamente o mesmo. Os efeitos ruins, as aceleradas bruscas na filmagem, a atuação que, nossa, me deixa sem palavras. 

Esse filme aqui era um projeto especial do meu coração: eu precisava assistir ele em algum momento e tirar ele da minha frente. Prometi que conseguiria defendê-lo, porque sou boa em defender o indefensável, mas depois de assistir eu não sei se tenho forças.

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