EUA, 2022 - colorido, 79 minutos
Direção: Rebekah McKendry
Roteiro: Joshua Hull e David Ian McKendry
Elenco: Ryan Kwanten, J.K. Simmons, Tordy Clark, Sylvia Grace Crim, André Lamar, entre outros e outras
Wes (Ryan Kwanten) está seguindo em frente. O que ele deixou para trás, ainda que suspeitemos de alguma coisa, é um mistério. Ele carrega consigo lembranças de uma vida da qual se apartou apenas para queimá-las num ritual noturno que consiste em bebida em excesso e gritos primais, o básico do drama do homem branco hétero que não sabe mais o que fazer da vida, tipo Wes, que acorda apenas vestindo camisa, cuecas e meia. E morto de sede. E assim, o simples ato de ir beber água se transforma numa situação deveras incomum, pois ali, num banheiro de beira de estrada no meio do nada em que ele se encontra habita Ghatanothoa (segure a ponta da língua entre o indicador e o polegar e fale vagarosamente para pronunciar da maneira certa), um antigo e solitário deus cósmico que quer conversar sobre si, o recém chegado e o universo que os cerca através de um "glory hole". A princípio, Wes trata a situação como uma alucinação pós excessos, mas, aos poucos percebe que, por mais absurdo que possa parecer, aquilo realmente está acontecendo, uma criatura ancestral de antes do próprio tempo que se comunica através de um "glory hole" tem coisas muito importantes para lhe dizer, entre elas, uma proposta inusitada.
Não é difícil se colocar no lugar de Wes e nos alternamos entre momentos de aceitação e negação, principalmente quando a liberdade de ir e vir dos personagens é limitada ao banheiro, um celeiro de nojeiras habilmente catalogadas por "Ghat" (dublado por J.K. Simmons). A criatura, que apesar de não poder sair do local ou se mostrar completamente, possui grandes poderes realmente, sendo a sinceridade o maior deles, pois, desacostumada às nuances do trato humano, vai sempre direto ao ponto, desconcertando a nós e Wes sempre que fala.
Em tom bem humorado, mas, sem ser propriamente uma comédia, ao longo de pouco mais de uma hora ouvimos, de um lado, um perdedor que esconde segredos e do outro, um ser com milhares de anos de existência e problemas paternos preso entre as paredes de um banheiro público tentando provar a um humano que tem as melhores intenções sobre o nosso destino e o do universo. Por mais absurda que a premissa possa parecer, Glorious funciona à perfeição, tem texto fluido, atuações eficientes e efeitos especiais nos fazem embarcar numa excelente história de horror que até causa uma certa tristeza quando vemos que acabou, mas aí é só dar o play de novo.
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