#170 Mr. Wrong/Dark of the Night (1985)

Mr. Wrong/Dark of the Night

1985 – Nova Zelândia colorido 82 minutos

Direção e Roteiro: Gaylene Preston (baseado em conto de Elisabeth Jane Howard)

Elenco: Heather Bolton, David Letch, Perry Piercy, Suzanne Lee, entre outros e outras.

Este deveria ser um texto sobre um filme de casa assombrada, talvez o meu subgênero favorito do terror. Vários me foram indicados, mas, voltemos um pouco no tempo, dias antes eu tinha lido sobre esse aqui no Letterbox’d de Michelle (Henriques) e ele se acomodou no meu inconsciente de tal maneira que ele sempre se anunciava enquanto eu pesquisava sobre outros, então pensei “É, do jeito que as pessoas se demoram por horas dentro de seus automóveis, hoje em dia essas latas fumacentas acabam meio que se tornando um segundo lar, mesmo...” e só deu ele na cabeça. 

Temos aqui as desventuras de Meg (Heather Bolton), uma jovem interiorana recém chegada à Wellington (capital da Nova Zelândia), que, para se locomover melhor no lugar, decide comprar um carro e em sua busca acaba encontrando um Jaguar (o carro, não o felino de grande porte) com preço bom que, óbvio, acaba comprando. Filmes sobre veículos assombrados não são incomuns à seara do horror, O Carro - A Máquina do Diabo (1977), Christine - O Carro Assassino (1983), talvez o mais famoso deles, de John Carpenter e A Aparição (1986), por exemplo, divertem os fãs e as fãs do terror desde sempre, mas, confesso que nenhum desses supracitados “me pegou” como este aqui, um telefilme com pouco mais de uma hora de duração cuja diretora, Gaylene Preston, aproveita cada segundo em tela para trabalhar de maneira digna o gênero que tanto amamos quando Meg, pouco depois da compra, percebe que o automóvel veio com um bônus nada agradável: um espírito inquieto.

Porém, a maneira como as suas aparições são desenvolvidas levantam em nós a suspeita de que não estamos diante de um simples caso de assombração e de que há algo tenebroso por trás de tudo. De maneira lenta e funcional acompanhamos essa “nova relação” e a vida de Meg na cidade grande, seus sonhos, decepções e medos, enquanto se vê perseguida por algo que, apesar de saber do que se trata, não consegue entender.

Quem é a fantasma? O que causou a sua morte? O que ela realmente quer? Paro por aqui, pois se estender mais sobre essa pérola da qual pouca gente fala (porque isso acontece, não sei, espero sinceramente que esse texto mude isso) seria entrar em detalhes que não devem ser lidos e sim, vistos e percebidos neste competente suspense sobrenatural com traços hitchcockianos que ao seu final nos dá a certeza de termos acabado de assistir uma peça digna trabalhada no medo dos vivos e dos mortos que não se utiliza de sanguinolência ou jump scares para deixar o público desconfiado e ansioso para descobrirmos a verdade. Pise fundo e se divirta.


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