Texto escrito por Daniela Hänggi
Baseado em um curta metragem de 2005 chamado Alive in Joburg, do mesmo diretor e
estrelado pelo mesmo ator, conta a trajetória de alienígenas que chegaram à Terra em
busca de ajuda e acabaram condenados a viver em um regime militarizado de separação
racial. Com essa premissa, já podemos concluir que vamos explorar um horror social que
traz lembranças de um passado não muito distante e reflexos de um presente distorcido da
nossa própria sociedade, e que desperta sentimentos de tristeza e revolta no espectador.
Aqui entramos na zona de possíveis spoilers, então cuidado!
Na primeira parte do filme, acompanhamos os acontecimentos de realocação dos
alienígenas do Distrito 9, que de uma região de abrigo se tornou uma favela, pra um campo
de refugiados, de onde pretendem que eles comecem a deixar o planeta. Isso nos é
apresentado na forma de falso documentário, com depoimentos de funcionários da empresa
contratada pra fazer a segurança paramilitar, assim como de pessoas entrevistadas nas
ruas a respeito da situação com os novos moradores do planeta, mostrando claramente o
descontentamento xenofóbico com a presença deles. Também acompanhamos o trabalho
em campo de uma equipe que está tentando notificar os despejos, numa tentativa patética
de criar alguma burocracia que justifique os abusos cometidos.
Nesse momento nos é apresentado o personagem que vamos seguir até o final, o
funcionário responsável pelas notificações de que os moradores do Distrito 9 serão
despejados, e o alienígena que mais tarde se juntará ao humano em uma jornada
desesperada de salvação individual e coletiva. Além de acompanharmos os horrores que
são cometidos por homens fortemente armados contra os alienígenas e endossados, até
com divertimento, pelos outros membros do grupo, somos introduzidos na dinâmica social
do lugar, que conta também com moradores humanos e tem suas próprias regras internas,
causando situações de abusos entre as espécies e dentro das espécies. E, claro, a
ganância humana que pretende explorar a tecnologia extraterrestre com fins bélicos.
Após essa introdução, começamos a ver a situação diretamente do ponto de vista do
protagonista, que passa de opressor a oprimido e precisa correr contra o tempo pra se
salvar, buscando ajuda no lugar mais improvável possível: no distrito 9, onde faz uma
aliança com um alienígena pra chegar a um determinado fim, embora os objetivos de cada
um sejam claramente diferentes.
Distrito 9 é um filme que não perdeu sua essência crítica com o passar dos anos causando,
ainda hoje, o mesmo horror quando somos forçados a encarar o que a humanidade é capaz
de fazer quando encontra motivos pra se distanciar de determinado grupo, agindo de forma
cruel e deitando a cabeça em um travesseiro hipócrita de auto justificativa.
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