Yucca Flat é um local desértico no estado de Nevada que foi usado para testes nucleares. É considerado o local mais irradiado na face da terra e sua geologia consiste em centenas de crateras decorrentes das explosões subterrâneas de armas nucleares. Lá também existe o lago Yucca que muito possivelmente esteja contaminado de radiação. É nesse cenário que a trama de A Besta de Yucca Flats se desenvolve.
O mote do filme é simples, assim como toda sua produção. Tor Johnson, famosa figura dos filmes B sci-fi da década de 50, interpreta um cientista soviético chamado Joseph Jaworsky que está fugindo da Rússia com uma pasta onde contém documentos sigilosos e importantes. Ele corre pelo deserto de Yucca Flat enquanto rola um tiroteio entre americanos e russos. Como é um lugar de testes e explosões nucleares, acontece de bem na hora da fuga, acontecer uma explosão e a figura humana do cientista dá lugar a uma figura irracional, monstruosa e assassina, pois fora atingindo pela radiação atômica. Tudo isso acontece logo depois da cena inicial onde mostra uma mulher seminua saindo do banho para logo em seguida ser atacada por uma mão misteriosa e estrangulada. A cena fica meio que fora do contexto, mas ao mesmo tempo fica subentendido que aquela mão misteriosa é da mesma figura monstruosa que ataca e estrangula outras pessoas no decorrer do filme.
Depois de cometer alguns assassinatos, a besta monstruosa começa a ser perseguida por policiais, que na verdade não tem ideia sequer do que e quem estão perseguindo. Um deles faz sua perseguição num avião monomotor, a ordem é “atirar primeiro, perguntar depois”, é quando um homem, que estava no seu carro com sua esposa e dois filhos e procurava ajuda para ajeitar o pneu que tinha furado, é perseguido por um longo período de tempo debaixo das balas do policial que sobrevoa o deserto. O homem é atingindo algumas vezes, mas logo se levanta e começa a correr novamente como se nada tivesse acontecido com ele. Ok, não sei qual foi a justificativa para isso, mas a julgar o baixíssimo orçamento, vai ver nem eles sabiam direito o que estavam fazendo. Se a ordem era atirar e perguntar depois, a produção do filme deve ter dito também “filmar para depois contar a história”. Foi só no trabalho de pós-produção que a narração, vozes, efeitos e trilha sonora foram adicionados, pois queriam evitar ter de sincronizar o áudio com a imagem depois.
A Besta de Yucca Flats foi dirigido por Coleman Francis, ator, escritor, produtor e disputa com Ed Wood o status de pior diretor por este filme e mais dois: The Skydrivers (1963) e Red Zone Cuba (1966), resultado de sua parceria com Anthony “Tony” Cardoza. Eles conseguiram a façanha de fazer do absurdo e do incompreensível, coisas quase perfeitas. O vulgar “é tão ruim que é bom”. Talvez a falta de atenção aos detalhes de seus filmes, em especifico Yucca Flats, seja de certa forma proposital. Pouco preocupado em entregar um espetáculo estético e sim em colocar mais em evidencia sua visão de mundo critica ao que acontecia na época. Ao final do filme, se você resistir aos 54 minutos, será surpreendido com um dos momentos mais icônicos e improvisado da história, demonstrando que naquele corpaço de uma besta indócil e assassina, ainda restava um tantinho de humanidade, por menor que fosse, mas ainda havia. O filme tá disponível no Prime Vídeo.
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